Francisco Vilas Boas
Cadeira n.º 20
Dados disponíveis na página do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, trazem que o Poder Judiciário brasileiro julgou 10.991 processos de feminicídio, morte de mulheres por menosprezo ou discriminação à condição de mulher em 2024, tendo um aumento de 225% de casos em comparação ao ano de 2020.
Ainda em 2024, o número de processos pendentes de julgamento envolvendo outros tipos de violência, ultrapassou o patamar de 1.297.142. Temos mais de um milhão de processos pendentes no Judiciário, sem contar os números ocultos, que são os que não chegam ao conhecimento das nossas autoridades.
Aos desatentos, os dados parecem alarmantes. Mas para quem presta um mínimo de atenção ao que acontece na sociedade, não há nenhuma surpresa. A ausência da surpresa reside no fato de estarmos numa sociedade conservadora, machista e patriarcal, que atribui um papel secundário às mulheres, legitimando as formas de violência.
Mas temos o Agosto Lilás!
Para além de colorirmos o nosso calendário, precisamos de políticas públicas sérias para o enfrentamento da violência contra as mulheres! E isso deve ser uma pauta não apenas dos nossos representantes eleitos, mas de todos nós enquanto sociedade!
Para isso, precisamos educar as nossas meninas para que se tornem mulheres independentes, fortes e empoderadas; precisamos educar os nossos meninos para que se tornem adultos conscientes e respeitosos; precisamos reeducar os nossos adultos, para que tenham a consciência de que violência de gênero não é saída para nenhum dos nossos problemas; precisamos cobrar das nossas autoridades, para criarem mecanismos de proteção das mulheres vítimas de violência e para responsabilizarem seus agressores; precisamos, mais do que outra coisa, compreender que o enfrentamento da violência contra as mulheres é uma pauta do dia a dia, de janeiro a dezembro e não apenas do mês de agosto.
O convite que faço é para salvarmos o mundo!
E para quem acha que é impossível salvar o mundo, deixo a mensagem trazida no filme A lista de Schindler, do diretor Steven Spielberg, mas com origem no Talmude: quem salva uma vida, salva o mundo inteiro.
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Coluna publicada no Jornal Informativo Tribuna do Jequitinhonha, edição
288, pg. 2, agosto de 2025.
Imagem criada por IA generativa.
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