domingo, 26 de novembro de 2023

Beleza Negra


Conceição Cruz
Cadeira n.º 4
 


Tenho a grata alegria de trazer três melodias no meu mais novo EP, intitulado Beleza Negra, neste mês que mais versa sobre a Consciência Negra – novembro - com a participação de:

- Sou Negra, letra de Rosely Couto;

- Saudades do Escravo, letra de Bonifácio Andrada;

- Filha do Sol, letra de Conceição Cruz.

Vou comentar um pouco sobre o processo de criação de cada uma delas para que talvez você possa desfrutar dele também, começando pela intrigante letra de escritor já falecido.


Saudades do Escravo

Há algum tempo, em minhas leituras diárias [1], encontrei em “Poemas brasileiros sobre trabalhadores – uma antologia de domínio público”, 2011, FALE/UFMG, BH, organização de Antônio Augusto Moreira de Faria e Rosalvo Gonçalves Pinto, fls. 68/69, um belíssimo texto atribuído à Luiz Gama. Em outros sites [2], deparei-me com a informação [3] de que a autoria do texto é de José Bonifácio de Andrada e Silva [4] o qual presenteou Luiz Gama com ele. A esta altura, a questão da autoria foi superada pela melodia que “brotou” imediatamente em mim...

Toda a emoção daqueles versos havia me tocado e eu estava bastante sensibilizada com a ideia de ter livre o coração enquanto a saudade saltava à vista. Senti toda aquela saudade, aquela coragem, com o som de bichos da mata na escuridão, contrastando com sons alegres de instrumentos que evocam a nossa ancestralidade - mãe África - além da força e da esperança.

Daí, resolvi preservar, ao máximo, a integralidade do poema e efetuei os registros na ABRAMUS, com o crédito da letra para o autor já falecido e melodia de minha autoria.

Sou Negra
(Letra de Rosely Couto)

Sabe quando a gente depara com uma mensagem escrita no grupo de WhatsApp que tem som e cor de música? Foi, exatamente, o que encontrei em um pequenino texto de sua autoria, o qual despertou em mim a melodia ali trazida.

Apesar de, pessoalmente, nunca a ter encontrado, seus versos altamente musicais me impeliram a superar a hesitação e a conseguir a autorização para prosseguir com o trabalho, na qualidade de compositora e também de produtora musical.


Filha do Sol
(Letra e melodia de minha autoria)

O poema veio por meio de um sonho: nele, o texto foi tratado como música. Acordei, escrevi o poema e não encontrei ali, naquele material, a composição melódica. O texto original foi publicado no blogue da Academia de Letras de Pará de Minas – ALPM.

Passados alguns dias, a melodia surgiu em meus pensamentos, porém, o texto longo não se encaixava na cantoria. Enxuguei, reescrevi, fiz as devidas alterações para feitura de um estandarte com o texto bordado com linha amarela em tecido negro para exposições literárias. Inexplicavelmente, nasceu a melodia!

Gê Lara com a participação especial do Coral

Após todo o trabalho da fase inicial, Gê Lara, grande músico de Divinópolis, a quem agradeço imensamente, fez os arranjos, agregou as vozes do coral e transformou letras e melodias em canções agradáveis, capaz de impregnar os nossos sentidos com o desejo de ouvi-las e de cantá-las mais e mais. 

O lançamento será no dia 8 de dezembro. A partir deste dia estará disponível na plataforma de sua preferência (clique aqui).
 
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Notas:
[1] https://www.letras.ufmg.br/site/e-livros/poemastrabalhadores-site.pdf
[2] https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7611731/mod_resource/content/1/LigiaFerreira.pdf, fl. 23
[3] https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/download/67219/69829/88632,
[4] https://www.scielo.br/j/alm/a/VHv5qzZC3wSXkGpp9scs5TN/?format=pdf&lang=pt