terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Simpatias para o ano novo

Márcio Simeone
Cadeira n.º 8


Nada melhor que entrar o ano com simpatias: dar três pulinhos com o pé direito; vestir-se de dourado; pintar um coraçãozinho de batom na testa; beijar três vezes a pessoa do seu lado direito; chupar duas uvas de uma só vez, uma de cada lado da boca; dar três batidinhas no coração com os nós dos dedos; andar de gatinhas com três uvas na boca; chupar três uvas, uma de cada vez, esmagando simultaneamente três uvas com o pé direito; esmagar um batom, vestindo uma roupa dourada; dar três batidinhas na testa; esmagar o coraçãozinho de três gatinhas; dar três pulinhos com a boca cheia de uvas; beijar duas pessoas de uma só vez, uma com cada lado da boca; pintar três uvas no seu pé direito; chupar a testa da pessoa que estiver do seu lado direito; dar três pulinhos, chupando três uvas e dando três batidinhas na boca; chupar a boca cheia de batom das gatinhas do seu lado direito; beijar o pé direito de três gatinhas, esmagando três batons dourados com os nós dos dedos; dar três pulinhos, com três batons dourados na boca e esmagar os nós dos dedos com três batidinhas; tomar três batidinhas, chutando três uvas e andando com os nós dos dedos; esmagar três gatinhas com três beijos e dar três pulinhos; vestir de dourado o seu pé direito; dar três pulinhos com a testa e beijar os nós dos dedos; andar de gatinhas com três pés direitos na boca; chupar o seu pé direito com três uvas na testa.

Se você não está a fim de fazer tudo isso, faça como eu: apenas erga a cabeça para o céu, respire fundo, deixe que o ar se renove. Então abra o sorriso e conquiste os outros com a sua simpatia. Reze com todas as forças para que este estado de simpatia perdure pelos próximos trezentos e sessenta e cinco dias. Para terminar: dê três pulinhos com o pé direito, e faça três pedidos, porque não custa nada acreditar!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Angústia!

Ailton José Ferreira
Cadeira n.º  7


ANGÚSTIA é sofrimento sem fim, vem voando, vem de dentro de mim!
ANGÚSTIA é tristeza sem saber por que, é um aperto no coração sem ter poder de ação!
ANGÚSTIA é viver um momento de descontrole, é pensar sem pensamentos que nos controle!
ANGÚSTIA é um espaço apertado grande e embolado, é uma distância sem fim que se apresenta diante de mim!
ANGÚSTIA é escuridão sem luz adiante, sem tudo em vão, é claridade que ofusca a visão, deixando a vontade sem ação!
ANGÚSTIA é limitação das nossas decisões, é história apagada em nossos corações!
ANGÚSTIA é sempre caminhar contra a razão, é sempre ofuscar a paixão!
ANGÚSTIA é faltar com determinação, é seguir com a falta de oração!
ANGÚSTIA é sentir que o sentimento é fraco, é acreditar que o momento é um caco e que o real é apenas um pedaço!
ANGÚSTIA é ser derrotado antes mesmo de ser enfrentado, é a batalha perdida antes mesmo de ser defendida!
ANGÚSTIA é agonia com nostalgia, é incerteza como correnteza, é desânimo sem coragem!
ANGÚSTIA é tudo um pouco que nos enfraquece como louco, é aquilo e tudo mais que nos faz retroceder cada vez mais!
ANGÚSTIA é vereda sem direção, é um passo sem confirmação!
ANGÚSTIA é pouco quando pensamos na destruição, é nada quando temos amor no coração!
ANGÚSTIA a construímos a cada passo, a destruímos a cada contato!

                   QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!
                   

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Um presente para Gabriel

Carmélia Cândida
Cadeira n.º 2 


Gabriel tanto pediu, tanto insistiu, que a mãe fez uma árvore de Natal. Em lotes vagos da vizinhança do bairro pobre e pouco povoado, juntou galhos secos. Envolveu-os com o algodão, ajeitou os galhos em uma lata com areia. Em vez de bolas coloridas, pendurou no tronco fotografias, desenhos das crianças, estrelas e corações feitos de papel, além de “presentes” com caixas de fósforo vazias. A mãe ainda pegou uma imagem do Menino Jesus, herança da avó, e colocou-a ao lado da árvore.   



As crianças – Gabriel e o irmão menor, Rafael –  acompanhavam tudo com os olhos brilhantes de emoção, ajudando como podiam. Quando a árvore ficou pronta, não cabiam em si de tanto contentamento por ter ali, em casa, uma árvore de Natal com a imagem do Menino Jesus ao lado. Estava tudo lindo! Os dois meninos começaram a  pular e a dançar olhando para a árvore, enquanto a mãe cantarolava uma canção natalina. A avó assistia a tudo, feliz por ver a alegria dos netos.



Gabriel já tinha perguntado para a mãe, mais de uma vez, se naquele ano haveria presentes no Natal. Ela dissera que não, explicando com carinho e pedindo que ele compreendesse. As coisas estavam difíceis. Era uma mãe solo, o pai tinha ido embora pouco depois de Rafael ter nascido e não voltara para dar notícias. O dinheiro mal dava para pagar as despesas, os remédios da avó dos meninos, que morava com eles.



A mãe também ensinara que o sentido do Natal não é ganhar presentes, que o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus. Gabriel havia entendido tudo e estava feliz porque prepararia seu coração para receber o Menino. Mas ele também queria ganhar um presente, mesmo que o sentido do Natal não fosse isso. Só tinha sete anos! E, mesmo a mãe tendo avisado que não haveria presentes, ele pedia, do fundo do seu coração, que um milagre acontecesse e que ele e o irmão pudessem ganhar um brinquedo.



Chegou a noite de Natal. A mãe fez uma janta sem luxo, mas saborosa. A família rezou, agradeceu pelo ano que estava terminando, pela alegria de estarem juntos, pelo nascimento de Jesus em seus corações. Depois jantaram, e a avó contou histórias. Por fim, todos se abraçaram e foram dormir. A mãe estava tão cansada que entrou em sono profundo num instante; a avó, que tomava remédios para dormir, em minutos, estava roncando. Mas Gabriel ficou acordado. Sem fazer barulho, se levantou, pegou os pares de sapatos dele e o do irmão e colocou-os atrás da porta. Quem sabe... quem sabe... Depois adormeceu, com o coração cheio de esperança.



Quando amanheceu, Gabriel foi o primeiro a acordar. Levantou e foi correndo para onde tinha deixado os sapatos, atrás da porta. Será que encontraria presentes? Mas, no lugar, só havia os sapatos, do jeito que ele tinha deixado. Nada de presentes... Tentou a guardar os sapatos antes que a mãe e a avó vissem que ele os tinha deixado à porta, mas se deparou com as duas quando se dirigia ao quarto.



Ele ficou tão triste! Até quis, mas não conseguiu disfarçar. Ficou amuado o dia todo. Quase não brincou. Comeu pouco no almoço. Não quis nem tirar o pijama de flanela. A mãe, vendo-o desanimado, sentia o peito apertado. Ela daria até a vida pelo filho, mas não teve condições de lhe dar um presente de Natal... O que pôde fazer foi pegá-lo no colo, fazer-lhe carinho e dizer-lhe palavras doces. A avó também tentou animá-lo, contando histórias divertidas.



Foi então que Gabriel, aconchegado à mãe, sentindo o calor dela, vendo o irmão no colo da avó, pensou: “não vou ficar triste; presente maior é ter minha mãe comigo, meu irmão, minha avó... isso é felicidade”. Então ele abraçou a mãe muito forte e lhe deu um beijo. “Mamãe, a senhora, o Rafael e minha avó são meu maior presente!” Depois beijou a avó e o irmão.



Já estavam no meio da tarde. Gabriel tinha se animado a se levantar e a tomar banho. De repente, alguém chama, na rua. “Ô, de casa! Quem será? Sobe no sofá, olha através do basculante. Um homem e uma mulher, sorridentes e com uma sacola grande nas mãos. Gabriel abre a porta e vai correndo para a rua. O casal pergunta:



-  “Tem criança nessa casa?” 



- Tem, sim, eu e meu irmãozinho.



- Quantos anos ele tem?



- Dois, quase três.



O casal abre a sacola, mexe, revira, depois tira dois presentes e entrega para Gabriel. “Este é para você, e este é para seu irmão.” O menino não sabe o que dizer. Seu coração acelera. Fica imobilizado, olhando para os embrulhos. “Pegue. É para vocês.” Olha para a mãe, que está com o irmão à porta e diz “sim” acenando com a cabeça. Ele  pega os presentes e corre até a mãe e o irmão, pulando e gritando “Eu sabia, mãe! Eu sabia que Papai Noel não nos esqueceria!”



Entrega o presente do irmão, entra na casa e abre seu presente. É um brinquedo! O mais lindo que ele podia imaginar. Gabriel volta à porta. O casal ainda está lá, sorrindo, conversando com a mãe. Meio tímido, grita: “Obrigado, moço! Obrigado, moça! OBRIGADO!!!” Volta para dentro e começa a brincar com seu brinquedo.



A mãe agradece o casal, que se vai, e senta no degrau da porta para ajudar Rafael a abrir o  que ganhou. O menino logo coloca o brinquedo no chão, um carrinho, e começa a brincar. Ela sente os olhos marejarem. Pega um pedaço de tijolo e vai escrevendo devagar, na terra: “Obrigada, meu Deus! Obrigada, Papai Noel!”



Então, feliz, cantarola uma canção assim:



Natal, Natal das crianças
Natal da noite de luz
Natal da estrela-guia
Natal do Menino Jesus

domingo, 22 de dezembro de 2019

O Menino da Esperança

Lígia Muniz
Cadeira n.º 13 


O pequeno Jesus olhou sua mãe, Maria. E sorriu: - sou teu Filho!
Olhou seu pai, José e sonhou: - serei justo e bom.

O pequeno Jesus recebeu a visita dos Pastores. E prometeu: - vou andar e cuidar.
Recebeu os Reis Magos e se alegrou: vou presentear com Palavra e Vida.

O Menino Jesus pousou no planeta terra. E sentiu “que tudo era bom!”.
E lembrou o amor do Pai do Céu.



(Imagem: PNG Imagenes)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Então é Natal!...

Fátima Peres
Cadeira n.°15
Faltavam poucos dias para o Natal. O verde e o vermelho, o dourado, o prata, as luzes, os cheiros doces de guloseimas iam, aos poucos, colorindo e perfumando a cidade. Nos dias que antecediam o Natal, vovó Conceição convocava todos os netos para montar a árvore e o presépio. O encontro de primos deixava vovô Pepé louco. Éramos muitos e tão crianças! E, como tal, fazíamos muito barulho, gritávamos o tempo todo.
Me lembro dos delicados enfeites e bolinhas que vovó nos dava para colocar na árvore que ia até o teto. Precisávamos ter cuidado para não deixar cair e quebrar. Nesse momento, concentrávamos firmemente na tarefa e algum silêncio, enfim, tomava conta da sala. Mas, a disputa para saber quem iria colocar a estrela, lá na pontinha da árvore, trazia de volta a euforia e, com ela, o barulho que enlouquecia o vovô. Vovó Conceição adorava essa farra. E adorava também ver vovô Pepé bravo, que saía e ia fazer a sua caminhada pela cidade. 
Enquanto isso, a magia do Natal acontecia ali dentro daquela enorme casa, cheia de amor, de uma alegria descontrolada e aquela avalanche de ternura que Vovó Conceição nos encobria, especialmente, a cada um de nós. 
Na noite do dia 24, a expectativa ficava por conta da chegada do Papai Noel. Isso nos deixava eletrizados. – Vocês devem dormir bem cedo, dizia vovó, senão não dará tempo do bom velhinho passar em nossa casa e deixar nos sapatinhos, os presentes tão desejados. “Ele ainda tem muito trabalho a fazer, precisa entregar os brinquedos para milhares de crianças do mundo todo”, dizia ela.    
E minha mãe contava também que Papai Noel só viria à noite, se tivéssemos sido muito obedientes durante o ano. Mas como saber se ele realmente viria? Ah, Impossível! Só no dia 25, quando abríamos a janela, ao amanhecer e descobríamos se o Papai Noel havia deixado algo em nossos sapatinhos, colocados com cuidado no parapeito, na noite anterior. 
Lembro que eu e meus irmãos nunca queríamos dormir para que pudéssemos pegar de surpresa o Papai Noel, no momento exato em que ele se aproximasse de nossa casa. Conhecê-lo pessoalmente e abraçá-lo era o maior desejo de nós três. No entanto, o sono sempre chegava antes e nada de surpresas antecipadas. Tudo era incrível!
Os anos se passaram e ficamos adultos. Vovó Conceição e vovô Pepé foram embora. Com eles, a alegria do encontro, das surpresas, da ansiedade da chegada dos dias mágicos do Natal. Com a tal da maturidade, perdemos o encanto. Até a chegada de Tereza, de Lorenzo e de Lucca, nossos netos. A minha e os de meu irmão Kim. 
Há alguns dias Tereza me fez recordar de vovó Conceição. Juntas montamos a nossa árvore de Natal. Ela não vai até o teto, mas tem muitos enfeites que não quebram, anjos, estrelas e luzinhas que piscam de todas as cores. O olhar de Tereza trouxe de volta aquela magia, a inocência e um sentimento de que a renovação, a esperança e o amor são sentimentos que vão permanecer sempre em nós, ainda que escondidos, dentro dos corações de quem se propõe a comemorar o nascimento do Menino Jesus. 

sábado, 14 de dezembro de 2019

Paz na terra a todos por ele amados

Regina Marinho
Cadeira n.º 6


Leitura meditativa

Tendo em vista a proximidade do Natal, proponho aqui uma leitura meditativa para reacender em nós seu sentido original. Com base em Lc 2, 8-20, convido-os a percorrer o itinerário dos pastores até a grutinha de Belém, despojados de excessos, revestidos de necessária simplicidade.



Na região havia pastores que passavam a noite no campo, tomando conta de seus rebanhos. Um anjo do Senhor apresentou-se a eles e a glória do Senhor os envolveu de luz. Eles ficaram tomados de grande temor. O anjo então lhes disse: “Não temais! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura.” De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz a todos por ele amados!”

Quando os anjos, retornando ao céu, se afastaram dos pastores, eles disseram uns aos outros: “Vamos a Belém para ver o que aconteceu, aquilo que o Senhor nos mostrou.” Foram então, depressa e encontraram Maria e José e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando viram o menino, contaram o que lhes fora dito a respeito dele. Todos os que ouviram ficaram admirados com as coisas que os pastores lhes contavam. Maria, porém, guardava todos esse acontecimentos, meditando-os em seu coração. E os pastores voltaram, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, conforme lhes fora anunciado.

Era noite! Enquanto todos dormiam, os pastores estavam despertos, vigilantes, guardavam as ovelhas de seus rebanhos. Como o campo aberto em que viviam, mantinham o seu espírito. Afinal, de que forma compreenderiam o que estava por acontecer? Rudes pastores, desprovidos de erudição, conhecimento das leis, eram pessoas vazias de si, prontas para acolher o mistério. Vigilantes, humildes e abertos, poderiam dar-se a ele por inteiro. No entanto, eis que o medo aflora. Sabemos bem como é isso! Diante do grandioso, o assombro e o temor. É que não basta ter o espírito aberto, há que se abrir também o coração. Quando vem o medo, deixar que ele forje, a partir dentro, a coragem. Naquela noite de silêncio e som, luz e assombro os pastores venceram o medo e escutaram o mais esperado anúncio: “hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! Mas, por que um anúncio de tamanha importância não foi dito em todos os cantos, no templo, nos palácios? É que o anjo sabia algo que nem todos sabiam. No seu saber, ele entendia que somente os mais pobres e livres creriam nas suas palavras, pois o templo, os palácios e as sinagogas estavam cheios de muito saber humano, de muitas certezas absolutas e de muita ostentação. Em lugares tão cheios assim não havia espaço para o novo e o inusitado, que dirá para o contraditório. Os pastores ouviram e creram. E ouviram mais! Ouviram um coro de anjos dizer-lhes coisas já um tanto esquecidas: da paz na terra e do amor de Deus por seus amados. Puxa! Fico pensando nessas palavras ditas há tanto tempo e imaginando por que, decorridos tantos anos, nesta terra de amadas e amados por Deus ainda falta a paz? A resposta que me vem é simples e dolorosa. Uma coisa é o amor de Deus, gratuito, dependente tão somente de si, que nos ama da forma como somos e independentemente do que façamos ou deixemos de fazer. Outra coisa é a paz na terra que, embora seja da vontade de Deus, depende, para acontecer, da nossa vontade, atitude e empenho. Pelo jeito, nossa vontade não tem correspondido à vontade de Deus. Nossa atitude e nosso empenho, menos ainda. Parece que temos andado bem distantes da gruta de Belém ou que ela seja para nós apenas o cenário de um presépio que se monta a cada dezembro de nossa vida. Se não nos fizermos como estes pastores, seguindo o passo a passo que a história nos aponta: humildade, abertura de espírito e coração, vigilância, escuta e coragem, não poderemos ser portadores da paz. O portador da paz não a porta para si. Leva-a aonde vai deixando-a por onde passa. Mas o que nos falta a nós, amadas e amados de Deus, para sermos verdadeiros portadores da paz? Falta exatamente….o amor de Deus. Mas como, se ele nos ama? Sim, ele nos ama, mas seu amor não encontra terreno em nós onde possa brotar e crescer. Não basta que Deus nos ame para haver a paz na terra. Ela depende que nos amemos como ele nos ama. Infelizmente, temos sido apenas o receptáculo estéril de um amor fecundo. Recebemos de Deus o amor, mas não o frutificamos. Precisamos aprender a amar. Não! Precisamos desaprender, pois que aprendemos a amar de um jeito estreito, exclusivista, cheio de condicionantes. Não amamos a todos como irmãos e muito menos àquele que pensa e age de forma bem diferente de nós. Isso me lembra a grave acusação contida em Jo 4, 18-21 “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso; pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão”.

A paz na terra era desejo daqueles pastores que se deixaram tocar pelo mistério do amor de Deus e se encheram de alegria e entusiasmo. Quem se deixa tocar pelo amor e se enche de alegria e entusiasmo não fica inerte. O amor exige uma resposta concreta. E a resposta de quem está pronto é imediata. Não paira na dúvida, na incerteza. Vem o medo e ele o ultrapassa e se põe a caminho de Belém. Uma decisão, uma atitude, uma mudança de rumo ou apenas a retomada do caminho. Decerto aqueles pastores tinham outros planos para aquela noite. Decerto tiveram de providenciar um abrigo seguro para suas ovelhas, quando decidiram ir a Belém. Mas o que viram, um recém-nascido envolto em faixas, deitado numa manjedoura, reacendeu neles a esperança. Imagino os olhos de Maria e de José, quando os pastores lhes contaram o que o anjo lhes havia dito daquele pequenino. Imagino o rosto iluminado da jovem mãe que, silenciosamente, recolheu tudo aquilo em seu coração. Imagino a manjedoura, lugar do alimento de animais, e sobre ela a criança que se tornou alimento para muitos. Adentrar o mistério da encarnação é pisar nesse lugar cheio de presença, tocar o solo do insondável, uma aparente impossibilidade.

Que, neste Natal, sejamos humildes, abertos e atentos para acolher o mistério. Que encaremos o medo de atravessar a noite escura para experimentar a alegria do encontro com o divino na grutinha de Belém. E que, revestidos do amor de Deus, amemos com igual amor a todas as suas criaturas para fazer possível a paz nesta terra. Feliz Natal!












quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O Desejo da Estrela

Conceição Cruz
Cadeira n.º 4


Há muito tempo, apareceu no céu uma estrela de luz muito intensa.


Do alto, ela mirava a terra e, à noite, sentia pena dos homens e dos animais  ao ver tanta escuridão.

Todo dia, em seu passeio noturno, ela dava longas voltas pelo firmamento: ela passava, olhava a terra e não compreendia.

Por mais que se esforçasse, os seus raios de luz não chegavam até a terra.

Era uma estrela jovem e pouco sabia da vida.

Certo dia, numa época destas, ela ouviu a história do nascimento do Menino Jesus.

As estrelas se preparavam para a mais linda noite do ano!

Ao ouvir a história, o seu brilho acompanhava as batidas do seu coração que pulsava alegremente!

Vista da Terra, era como se ela estivesse piscando, piscando!

Ela dormiu sonhando com a Noite de Natal.

Para falar a verdade, ela nunca tinha visto uma estrela cadente, nem a tal esperada noite!

Por vários dias, ficou pensando na Coragem e na missão  daquela estrela solitária que guiou os Reis Magos até o local do nascimento do Menino.

- Mamãe Estrela, quando isto aconteceu? Pergunta.

- Há mais de dois mil anos filha!

- Onde eu estava?

- Você era uma poeirinha cósmica, no berçário de estrelas!

- Ah! Sim, mamãe!

- Foi uma linda noite! Nós todas ficamos quietinhas, quietinhas, para não acordar o menino!

O tempo passava e a estrela jovem sentia-se conectada à terra e, por mais que quisesse, ela não conseguia ver por onde Jesus passou: a terra à noite era muito escura!

- Mamãe, como faço para chegar até a terra?

- Minha filha, uma estrela do céu não pode caminhar sobre a terra!

- Mas Jesus, que era do céu, não caminhou sobre a terra?

- Para viver lá ele teve que assumir a condição humana ou seja, de viver na terra!

- Eu também quero viver lá!

- Filha, está segura disso? Aliás, só vejo quem está na terra querendo vir para o céu!

- Mamãe, sou um ser de brilho! E a exemplo de Cristo, eu também quero levar um pouco mais de luz à Terra!

Então filha, vamos conversar com o Criador.

- Senhor, como faço para viver na terra?

- Minha querida estrelinha: para viver lá você tem que assumir a condição de lá! E que utilidade você teria?

-Sabe Deus, eu fico olhando a terra e, à noite, é tudo tão escuro! Por mais que eu brilhe, meus raios não  chegam lá!

- Pois é estrelinha! Nem parece que um dia tudo se resplandeceu em luz, na Noite de Natal!

- Senhor, eu também quero ajudar a humanidade!

- Você deixará de ser esta grande estrela; terá que passar por um processo de adaptação, tudo bem?

Comovida, uma lágrima surgiu no canto dos olhinhos da Jovem Estrela...

Ela sabia que deveria ter muita Coragem e que a sua missão seria semelhante a de Cristo, ou seja, levar luz à escuridão.

E assim, ela foi enviada em missão especial para a terra.

Toda a sua claridade foi fracionada em minúsculas partículas e ficou contida dentro de inúmeros cupinzeiros luminosos espalhados pelos pastos, durante longo tempo, lembrando um vasto campo de árvores de Natal…

Depois de incansável espera, essas partículas de minúsculos e frágeis corpos saíram  brilhando noite adentro…

É por isto que, nas roças, as crianças não têm mais medo do escuro!

Há muitos e muitos anos, é comum as pessoas virem os famosos, destemidos e felizes vagalumes, aclarando a escuridão!

E assim, a estrela realizou o seu desejo!

E mais uma vez, a luz venceu as trevas!

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AGRADECIMENTO

Agradeço a cada um dos leitores pelas palavras e companhia carinhosa na trilha da leitura!

Que em 2020 possamos estreitar nossos laços de Amizade e compartilharmos nossas emoções e vivências por meio da Literatura.

Tal qual o vagalume, possamos fazer brilhar em tudo a nossa luz, reverenciando a Verdadeira Luz!

Feliz Natal!

Abençoado 2020!

Forte e fraterno abraço.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

DIÁLOGO

Márcio Simeone
Cadeira n.º 8



Sobre aquela noite pesava um estranho e confuso silêncio. Algo acontecia, pressentia-se, só podia ser um anúncio. Subitamente houve medo. Houve dor, aquela de estar fora dos tempos, de não saber, de não poder explicar, de não poder gritar. Os que primeiro compreenderam o fenômeno foram aqueles dos quais nunca se ouvia a voz, aqueles a quem nunca se dava ouvidos. Afinal, estes já conheciam o profundo silêncio, faziam-se íntimos dele e de seus desígnios. Tão logo compreenderam, deles se afastou todo o medo e foram, assim, os primeiros a falar. Que bendito fosse este pobre e sagrado silêncio sem pressupostos, irmão de todos os mistérios! Aqueles bem-aventurados, com alegria e entusiasmo, esquecidos e desprovidos, conversavam primeiro com as plantas, com os animais, com a água, com as pedras, com o céu, faziam declarações ao universo, pronunciando-se de modo sereno, buscando as melhores palavras que encontravam em seus vocabulários, as mais bonitas e as mais justas; paravam para ouvir com atenção as respostas, mesmo que só murmuradas, ainda que em outras linguagens desconhecidas, mas que desejavam aprender. Logo a seguir já conversavam entre si, vivamente conectados, redescobrindo e partilhando pouco a pouco os significados. Ao longe, um choro de criança. Um coro de vozes inocentes cantava uma música suave. Por um pouco tempo, isso foi tudo; nada mais precisava. Ali nascera um diálogo.

(Natal de 2019)



domingo, 1 de dezembro de 2019

Inexato

Geraldo Phonteboa
Cadeira n.º 14



Mas diante de tal fato

Faço de meu dia um ato

De amor, de sonho, de utopia

Quero ser mais

Ser além de mim

Apesar de mim

Enquanto vivo neste hiato

Em busca de identidade

Vivo cada ser diferente de mim, em mim - em cada idade.

Já não sou o que já fui

Mas sempre serei um pouco do que fui e do que sou.

Construo e desconstruo

A edificação do que sou

Ou do que sonho ser

Neste inexato ato

Ato e desato inexato nós...

Sigo em frente sem medo de ser feliz.

domingo, 24 de novembro de 2019

Sentimento e Paz

Valmir José
Cadeira nº 10


Existe um estreito, ninho de amor, brando por si
Manso, pacífico, sereno e profundo,
Unânime desejo, estrela ascendente,
Que soube aproveitar o tempo... E cresceu.

Existe, existirá, um amor, marcado pelo diálogo
Derramado por todos os continentes
Sem fronteiras, sem limites, quase raridade,
Entesourado por todas as cidades.

Brando amor! Amadureceu...
Não fala alto, não julga, não condiciona.
Acontece, em qualquer idade, dialogando;
Conquista, crença que se torna consistência.

Amor imenso acontece; cuidado se excedente,
Pode virar paixão, e quando arde, às vezes, encolhe.
Brando, todavia, brilha, reluzente se eterniza,
Valoroso diamante, cintilante, reflexo de paz.

Brandos, enamorados, almejam...  sonham.
Verdadeiro, afável, cortês, nobre aspiração!
Onde mora, sorrisos, não há extremos,
Sentimentos se equilibram.
Existindo, evapora da alma, se concretiza
Em mito de Amor Eterno.

Brando amor, sossego d’alma, límpido solfejo,
Hálito primaveril de perfumes florais,
Sorriso aberto, encontros almejados,
Olhares profundos no sentido da vida,
Igualmente do amor e das palavras.
Amantes concisos afastam dores e carências,
Recusando o conflito como estilo de amar.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

A magia do amor, no encanto de uma flor

Ailton José Ferreira
Cadeira n.º 7



Será que nós já reparamos, com bastante atenção, a perfeição e a beleza de uma flor? Seja ela qual for? Pois bem, quando os problemas e os sofrimentos se apresentam como gigantes, nos mostrando às vezes como difíceis de solução, achamos que Deus está distante. E nos enganamos redondamente, pois, se nestes momentos percebermos a perfeição de uma flor, o quanto ela irradia beleza, encanto e perfume que nos contagia, e esquecermos o que está em volta nos martirizando, vamos perceber que Deus está presente. Esta é a magia do Amor de Deus que nos envolve e que nos transforma, bastando para isso que deixemos este Amor penetrar através de nossos olhos, nariz e ouvidos.

Nós seres humanos temos um defeito de procurarmos as coisas de Deus distante de nossos caminhos. E não percebemos que Ele está presente em tudo, numa semente, no ar que respiramos e tudo mais. Principalmente nós, cristãos, somos mestres em vasculhar os milagres e as graças pelo mundo, e esquecemos que estes milagres e graças acontecem a cada milésimo de segundo em nossas vidas, a cada dia que Deus nos permite amanhecermos acordados e vivermos. Por isso o Amor é o maior de todos os sentimentos, e a maior arma contra o mal. Isto porque simplesmente a misericórdia de Deus sai exatamente do Amor que Ele tem por nós. Quando criou o mundo já nos amava, mesmo antes da nossa criação, e fez tudo para nós. Nenhum ser humano ama como o Criador nos ama. Todos os outros bons sentimentos derivam do Amor, e até mesmo os maus sentimentos surgiram por ciúmes do Amor.

Por que será então que o Amor verdadeiro não impera no relacionamento humano? Por que temos que inventar, conscientemente ou não, desculpas para que o Amor não dê as respostas necessárias para a solução dos nossos problemas? Simplesmente porque somos egoístas, e mostramos frequentemente uma fraqueza para os conflitos que nos impede de fazer o que é correto. Ora, problemas existem e sempre existirão, fruto de nossos próprios erros, e não podemos jamais culpar a Deus por isso. O Amor é um sentimento mágico, penetrante e que hipnotiza a quem quer que seja, e não existe aquele ser humano que nunca foi tocado por uma gota do Amor. Mesmo aqueles que foram gerados, criados e que cresceram na violência, em algum momento de suas vidas deixaram brotar o Amor, porque ele está permanentemente em nosso interior, esperando a semente germinar e brotar para o mundo real. E o Amor é isso e muito mais, pois fomos criados para Amar e não para odiar.

Pois bem, se passarmos diariamente a prestar atenção, mesmo que por alguns segundos, numa pequena flor, veremos que Deus ali está presente. Ele simplesmente deseja que sintamos em nosso coração o Seu Amor, para então transmiti-lo aos nossos irmãos.

            QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!

domingo, 17 de novembro de 2019

Marina

Regina Marinho
Cadeira n.º 6


Marina tem sal,
Marina tem mar
Marina é lugar de chegada ou de partida,
sempre um ir e vir
O cais, o porto, um pedaço, espaço ou nada disso
Uma sede imensa que água tanta não sacia
Se o cais é seguro, o mar evoca, chama
e uma terceira margem acontece.
E aí, nada segura!
O mar é uma ponta, só uma ponta do oceano. Eu sei!
Mas quem leva o mar no nome, tem o mar por dentro.
Tem tudo junto e misturado: desejo e fastio, tormenta e calmaria,
fé e descrença, alegria e sofrer.
E eu sei também que, se pudesse,
usaria o mar de água e sal que verteu dos olhos
pra lavar a lama de Mariana e Bento.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Antônia Luzia

Carmélia Cândida
Cadeira n.º 2





Era Antônia Luzia
Lavava, passava
Cozinhava, limpava
Acordava antes de todos
Para preparar o café
O dia todo
Corria pra lá e pra cá
Os filhos estudavam
Não podiam “ajudar”
O marido era daqueles
“Serviço de casa,
Coisa de mulher”
Tudo ela aceitava
Só para ver
A família em harmonia
Depois das refeições
Todos em seus quartos
Para descansar
E Antônia Luzia
Se acabando na cozinha
Tinha que correr à padaria
Na hora de pegar pão quente
Comida fresca todo dia
Se ia se ausentar
Precisava preparar
Tudo de que iam precisar
Mas ela dava conta
E até orgulhava-se de si
Os filhos em primeiro lugar
E já estavam na faculdade!
Foi, aos poucos, se esquecendo
Quem tinha sido um dia
Há muito já não luzia
Foi ficando só Antônia
A cada dia mais cansada
Mais estressada, mais apagada
Mas iria assim até o fim
Era boa mãe, boa esposa
E a vida seu rumo seguia
Antônia, em vida, jazia
E ninguém percebia

sábado, 9 de novembro de 2019

Geraldo Phonteboa
Cadeira n.º 14




Café e amor
Só se for quente
Deixam minha alma
Leve e calma
E me fazem
Querer sempre mais.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Alfa-BETIZAÇÃO

Conceição Cruz

Cadeira n.º 4

Na semana das crianças, ouvir esta melodia fez-me recordar: eu tinha entre cinco e sete anos e não estava ainda na escola!
Eu cantava esta canção o dia inteirinho, todo dia!
Mamãe costurava e,  para a minha cantoria não atrapalhar a sua concentração na hora de cortar as costuras, ela colocava o pano sobre a mesa, por cima dele, a medida, fazia o nome do Pai e me dizia:
- Minha filha, está muito bonito! Agora, preciso me concentrar! Vá cantar no quintal para alegrar os passarinhos!
E eu ia toda contente cantar para eles!
Ficava maravilhada com o cheiro e o formato das pequenas flores brancas e com a algazarra deles brincando nas árvores!
Antes que os minúsculos frutos sucedessem à floração, o vento brincalhão tecia um tapete floral, muito branco, no chão.
Eu tinha pena da árvore e conversava com o vento para não agitar tanto os galhos...
Eu pegava aquelas flores caídas e ficava sentindo a textura delas em minha pele.
Era mágico ver aquele projeto verde de fruta surgindo no meio das pequeninas pétalas alvas...
E o cheiro! Ah! Que cheiro! Meu Deus!
Nosso quintal parecia uma fábrica de perfumes, de cores  de músicas e de alegria...
E assim, quanto mais os pássaros cantavam, mais eu soltava a minha voz!
Até então, com o coro deles, meu sonho era ser cantora! Eu era uma criança com alma de passarinho!
E eu cantava, cantava e cantava… Diante daquele cenário, a emoção não cabia em meu peito:  ficava imaginando como Deus era um grande artista!
Ficava horas e horas absorta em meus pensamentos:
_ Que magia era aquela que transformava a semente em árvore, a árvore em flores, as flores em frutos, os frutos em semente?
E que atraía não somente os pássaros?
Por vezes, as abelhas extasiadas com tanto néctar, cismavam de brincar de esconde-esconde nos cachos dos meus cabelos…
No outro dia, lá estávamos nós!
O céu era límpido, de um azul brilhante e de nuvens desenhistas…
Por vezes, minha mente se ocupava também em imaginar para onde iriam todas aquelas nuvens…
E assim, as horas passavam como num piscar de olhos!
Cantava ainda para as visitas que iam lá em casa e para todo mundo!
Até que, um dia, apareceu uma visitante a qual me disse que eu não servia para ser cantora porque tinha a boca pequena…
Fiquei um bom tempo pensando sobre o que ela me disse e, desde então, a minha alegria passou a ser a escola, melhor, as letras!
Aprendi a ler tudo!  Mergulhei no mundo da leitura e da escrita.
As horas de cantoria foram substituídas por manhãs e tardes em sala de aulas, estudos, deveres…
Meus amigos pássaros?
Não sei se morreram todos ou se foram cantar em outra freguesia.. 
Por onde andarão?
As laranjeiras?
Nossas árvores perfumadas cederam lugar ao concreto: mais filhos, maior a cozinha…
As horas? Deram cartaz aos anos!
Hoje, lendo aqui, na rede da varanda de minha casa, ao ouvir esta antiga canção, ela fez meus olhos mirarem a minha infância guarnecida de flores, de pássaros, de melodia,  de pureza e de harmonia!
O tempo passou! E como passou!
A criança-pássaro daquela época virou pessoa adulta: foi alfaBETIZADA!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Hernani Almeida
Cadeira n.º 16 



Pequeno doce homem

Palavras de alento
Olhos atentos
com o velho caminhas.
                         
(2005)

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Andante

Geraldo Phonteboa
Cadeira n.º 14


Hoje eu acordei caminhando
Sobre meus pensamentos...
Eram ideias vagas...
Inacabadas...
Imperfeitas....
Que não sabiam de mim,
Nem que davam conta do que sou...
Caminhei por labirintos que nunca havia conhecido:
Há mais mistérios em mim que fora de mim...
E eu que penso conhecer o mundo!!!
Não sei quanto tempo caminhei.
Mas sempre havia luz!
E o calor fez transpirar-me para a superfície...
Para a epiderme interior
Para a superfície da consciência....
Dizem que estou ficando louco.
Eu ainda não me sei.
Enquanto isso continuo neste caminho.
Alguém aí pode dizer onde estou agora?