domingo, 26 de abril de 2020

MEMÓRIAS DA ALPM: Jornal Arcádia







O jornal Arcádia era uma publicação interna da Academia de Letras de Pará de Minas. Em dezembro de 2007 foi feita uma edição especial para circulação externa, em comemoração ao 10.º aniversário da ALPM. Baixe AQUI o fac-símile desta edição.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A prática pedagógica na conjuntura atual - Parte 2: a interdisciplinaridade

Ailton José Ferreira
Cadeira n.º 7



Bem, continuemos com a nossa reflexão sobre a prática pedagógica na Educação atual. No artigo anterior, falamos um pouco sobre a universalidade e do pensamento de alguns filósofos e educadores de séculos passados, porém, não poderíamos falar da universalidade isolada, pois, a interdisciplinaridade também faz parte do pensamento deles.


Na prática pedagógica atual, nós, educadores, não podemos dispensar de forma alguma a interdisciplinaridade, que é sem dúvida na Educação atual o marco divisório para o desenvolvimento educacional e até mesmo cultural e social. Porque as escolas - e principalmente seus profissionais educadores - precisam reavivar a credibilidade que está em baixa na sociedade atual. Claro, não por culpa deles e das instituições em que trabalham, mas, pela situação atual, tanto por parte de nossos governantes e legisladores e, principalmente pela morosidade em se modificar o que precisa ser modificado em tempo hábil. E podemos agradecer isso à burocracia, aos poucos investimentos nas próprias instituições escolares etc...


Já dizia o filósofo ARISTÓTELES, que comparou a alma humana a uma tábua rasa, onde nada está escrito e onde se pode escrever tudo: “...Podemos comparar também o nosso cérebro, oficina dos pensamentos à cera, onde ou se imprime um selo, ou de que se fazem estatuetas [...] o cérebro, prestando-se a receber as imagens de todas as coisas, recebe em si tudo o que o universo contém".


Portanto, se trouxermos para os dias atuais e fazermos uma reflexão sobre a interdisciplinaridade, pode-se concluir que nossos alunos podem interagir sempre com a participação de seus professores em todas as disciplinas escolares e desenvolverem seus aprendizados e conhecimentos nas regiões em que as comunidades estão inseridas. Certamente se estará dando um grande passo para o desenvolvimento educacional. Claro que nós, educadores, precisamos ter consciência e formação constante para que a aceitação do trabalho coletivo seja positiva.


A interdisciplinaridade na prática educativa estimula não só os alunos, mas, principalmente, a competência do educador, pois ela se apresenta como uma possibilidade de reorganização do saber para a produção de um novo conhecimento, incentivando então a busca por meio da qual a construção desse conhecimento passa a ser priorizada. E, com isso, as disciplinas harmonicamente interagindo, se possibilita o desenvolvimento de uma postura investigativa no processo de ensinar e aprender. O educador e psicólogo HILTON JAPIASSU nos diz que: “A interdisciplinaridade exige uma reflexão profunda e inovadora sobre o conhecimento, demonstrando uma insatisfação com o saber fragmentado [...] a prática interdisciplinar é algo a ser vivido, enquanto atitude de espírito. Essa atitude é feita de curiosidade, de ruptura com o senso comum e de estabelecimento de relações com outras disciplinas, reconhecendo a necessidade de aprender e relacionar-se com outras áreas do conhecimento”.


Finalizando esta parte, então não podemos deixar à margem de nossas atividades de educadores a interdisciplinaridade, porque ela é, a meu ver, em nossa sociedade atual, o marco decisivo para a nossa formação contínua e a consequente transformação para uma Educação escolar nos moldes dos países mais desenvolvidos - claro que somado a maiores investimentos, inclusive nas instituições públicas.



QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!

terça-feira, 21 de abril de 2020

Quase ser

Poema de Márcio Simeone (Cadeira n.º 8), interpretado pelo acadêmico Geraldo Phonteboa (cadeira n.º 14).



O projeto "Poesia para o seu dia..." tem como finalidade disponibilizar um poema por dia. Este poema é interpretado pelo escritor e professor Geraldo Phonteboa, que também é responsável pela gravação e edição. A ideia surgiu durante o período de "distanciamento social" motivado pelo surto de Coronavirus que se espalhou pelo mundo e provocou a morte de milhões de pessoas pela Covid-19. Foi a forma que o escritor e professor encontrou para auxiliar as pessoas a passarem este tempo difícil para todos e, ao mesmo tempo, divulgar o gosto pela literatura, de modo particular, pela poesia. Veja mais no canal.


sábado, 18 de abril de 2020

Escalada

Hila Flávia
Cadeira n.º 9


A tudo o ser humano se acostuma
ao fato alegre ou à situação trágica
e quando a experiência se avoluma
mais nos transporta à Montanha Mágica.

Cada um sabe de si e dá seu jeito
sabe o que lhe agrada e o que o motiva
não adiantam o tabu e o preconceito
pode ser morte mas pode ser vida.

Nada vale o exemplo se não pedido
nada vale o amor se não querido
o sonho de cada um é por si só.

Pois a vida é vivida tão somente
uma de cada vez e é realmente
sós que dela desatamos o nó.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Obra teatral de acadêmica da ALPM ganha versão em filme

Baseado em um texto teatral escrito pela acadêmica Carmélia Cândida (cadeira n.º 2 da ALPM), está disponível on line o filme "Pelos caminhos das rosas vermelhas". Trata da história de quatro irmãos que são transformados pela notícia de que a mãe sofre de mal de Alzheimer. A obra é inspirada na própria experiência da escritora, além de um intenso trabalho de pesquisa que contou com relatos e depoimentos de vários familiares portadores da doença em diversas partes do país. Foi produzido pela Cinemarketing Filmes e dirigido pelo também acadêmico da ALPM José Roberto Pereira, em parceria com os grupos de teatro ReVerso e Iluminart e com a AtoDois Produções. A direção de fotografia é de Guto Aeraphe, e no elenco estão Marta Morais, Ana Cristina Valadares, Isabel Faria, Marcilene Tavares e Maurílio Silva. Conta ainda com participações especiais de Carmélia Cândida, Cláudia Silveira, Dani Andrade e Elina Dirce Oliveira Bernardes.

Para acesso:
https://www.cinemarketingfilmes.com/pelos-caminhos-das-rosas-vermelhas

domingo, 12 de abril de 2020

Lemexe e Melexe: a Lesma e o Caracol

Conceição Cruz

Cadeira n.º 4






Há muitos e muitos anos, existia uma lesminha que morava no interior de Minas. Seu nome era muito especial: Lemexe.



Seus passos eram sempre lentos: tinha, ao invés do famoso rei na barriga, os pés na barriga. Seu movimento era quase imperceptível e as crianças exclamavam:



- Uai! A lesma! Ela mexe!



E assim ficou Lemexe!



Era uma época de muitas frutas, de folhas verdes,  legumes e de água!



Lemexe tinha o hábito de marcar o lugar por onde ia, para sempre, voltar pelo mesmo caminho.



Um dia, ao acordar, qual não  foi a sua surpresa: a área verde fora toda devastada para dar lugar aos pastos!



-Cadê a hortinha verde? Meu Deus! Cadê as frutas?



Ela subiu até a vidraça e viu no noticiário: sua prima, que morava longe, media mais de um metro e pesava mais de quinze quilos!

Era,  orgulhosamente, exibida nas mãos do biólogo.



Em outra reportagem, vê a imagem de outra lesma com a casa nas costas! Era chamada de caracol.



- Que  interessante! Pensa.



-Opa! Como ela fez isto? Um dia, vou deixar de ser uma sem-teto e também carregarei a minha casa nas costas! Exclama!



A vidraça estava muito escorregadia e Lemexe caiu dentro da caixa de papelão!



Lá dentro estava escuro.



Ela ajeitou as antenas para ver melhor e nada  viu.

Resolveu repousar.



De repente, a caixa começou a se mover e foi colocada dentro de um avião.



Depois de horas e horas de voo, o avião parou na França para descarregar as caixas de açaí.



Lemexe estava agora na cozinha do restaurante, em Paris!



Ela viu os talheres de prata e os pratos, onde seriam servidos os famosos “escargots”.



Ela viu uma enorme concha e resolveu entrar, para saber como era dentro dela.



- Olá! Casa ocupada!



Disse Melexe, um caracol, em irrepreensível francês!



- Perdão! Desculpe-me! Disse ela, em bom português!



Melexe, que há tempos vivia ali, naquele restaurante internacional, também falava português. Eles começam a conversar.



No Brasil, as lesmas não têm teto e, geralmente, não servem de alimento.



Na França, os caracóis têm suas próprias casas e são servidos nos mais caros restaurantes! Pensou Lemexe.



A cozinheira, muito atarefada, havia perdido seus óculos! Pegou a concha de Melexe.



Ele disse:



- Rápido! Esconda-se, Lemexe!



Lemexe, com a viagem, ficou muito magrinha; ela se escondeu atrás das antenas de Melexe, mas as antenas dele e dela  ficaram de fora!



A cozinheira viu as oito antenas, pensou  que se tratava de um único e robusto animal: separou a concha, pois parecia um exemplar totalmente diferente! Ou seria alimento transgênico?



Com muito cuidado, colocou a concha em uma caixa.



Na dúvida, descartou todos os escargots para evitar contaminação no restaurante natural!



Foi uma festança!

Melexe e Lemexe tornaram-se herois!



Casaram-se.



Lemexe agora vivia em Paris e falava francês.

Depois de muito tempo, resolveram aumentar a família: tiveram quase meio milhão  de filhotes, numa só temporada!



E com tanta algazarra de filhotes, ninguém mais dormia naquela casa! Ou melhor, naquela concha!

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Imagem: https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Projeto-caracol-simples/69821.html



terça-feira, 7 de abril de 2020

A prática pedagógica na conjuntura atual (1)

Ailton José Ferreira
Cadeira n.º 7


O quanto é importante na atual situação da Educação em nosso país sempre refletirmos sobre o ensino e seus profissionais, dos quais eu me incluo com muito orgulho e amor em ser um professor (Educador), embora não esteja atualmente atuando na área, mas, que ainda temos muito que caminhar e aprender, principalmente com a nossa juventude. E nada melhor do que nesta reflexão sempre nos lembrarmos daqueles que ajudaram a construir a Educação pelo mundo e que nunca se cansaram de transmitir o que achavam importante para o desenvolvimento educacional e, consequentemente, da humanidade. Por isso, precisamos, na nossa formação contínua, considerarmos os pensamentos, estudos e pesquisas destas pessoas tão importantes para a Educação mundial.

Claro que não pretendo aqui, neste curto espaço, esgotar o assunto e nem poderia fazê-lo, pois sou somente um aprendiz e que busca, como vocês, um sentido melhor para que a Educação em nosso país se desenvolva dentro daquilo que é necessário e atual para que a nossa sociedade consiga transpor as barreiras de todos os obstáculos e problemas que impedem que a Cultura e a Educação deslanchem. Portanto, é importante e necessário que nos ocupemos dos ensinamentos dos grandes mestres, filósofos, sociólogos e cientistas sociais e educacionais para tentarmos construir uma Educação à altura da nossa nação, pois, só assim este país sairá do anonimato e será respeitado como uma grande nação.

Em outras ocasiões já comentei sobre os problemas da nossa Educação, porém, nunca é demais retornarmos ao assunto e tentarmos dar uma pequena contribuição nesta área tão importante para que uma sociedade possa realmente ser grande.

Pois bem, Juan Amós Komensky, mais conhecido por COMENIUS, e que viveu nos séculos XVI e XVII, nascido na Tchecoslováquia, notabilizou-se por seu interesse pela Educação, exercendo grande influência no desenvolvimento da Pedagogia e seus estudos e pensamentos ainda são atuais para nós. Não foi o primeiro a preocupar-se em escrever sobre a arte de ensinar e aprender, porém, através dele, a arte de ensinar (eficientemente) denominada didática, adquiriu uma dimensão peculiar, o que fez e faz diferenciar de todos os outros estudos. Em sua famosa obra Didática Magna, COMENIUS nos mostra numa visão ampla sobre Educação o quanto a arte de ensinar é tão importante para o desenvolvimento educacional do Homem e o quanto o conhecimento velho com o novo conhecimento se mesclam. Na sua concepção de mundo, de homem, de educação, enfim todos os seus valores trazem as feições de todas as épocas. COMENIUS trabalhou com a ideia de universalização no ponto de vista social, isto é, todos os homens independentemente de sexo, cor, posição social, portadores de necessidades especiais ou não, são educáveis, são capazes de trocas de conhecimentos. A cultura pode ser repartida entre todos, pois, perante DEUS não existem pessoas privilegiadas.

De acordo com essa ideia da mente humana COMENIUS pode pensar em um método universal de ensinar tudo a todos. ARISTÓTELES, centenas de séculos atrás, já comparava a alma humana a uma "tábua rasa" onde nada está escrito e onde se pode escrever tudo. Ele dizia: “...o cérebro, prestando-se a receber as imagens de todas as coisas, recebe em si tudo o que o universo contém”.

Portanto, estes dois pensadores podem mostrar a nós, educadores, a importância de explorarmos o universo cerebral dos educandos, transmitindo e recebendo ao mesmo tempo conhecimentos, que, com certeza, poderão desenvolver melhor a Educação do nosso país, pois não podemos ignorar que a nossa formação constante e a troca de aprendizados entre educadores e educandos contribuirá em muito para a sociedade brasileira. Porém, nós educadores precisamos muitas vezes descer do pedestal; também precisamos de formação constante e aceitar que nossos educandos também têm muito conhecimento para transmitir. Ainda há muito que se discutir para o bem da Educação brasileira. Não vamos aqui falar de políticas públicas que os governos têm obrigação de implantarem para uma melhor Educação, porque é outro assunto que temos que explorar e cobrar dos nossos representantes.

Continuaremos numa próxima oportunidade.

QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!