segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Cinco perguntas para Fátima Peres

José Roberto Pereira
Cadeira n.º 12

A pará-minense Fátima Peres é escritora, jornalista, professora, empresária no ramo editorial e membro da Academia de Letras de Pará de Minas. Nesta entrevista ela esclarece pontos interessantes sobre publicação de livro e escrita. 

JRP-Em qual atividade você se sente mais realizada, como professora, escritora, jornalista, empresária?

FP - Querido José Roberto, essa foi a pergunta mais difícil que alguém já me fez. Mas vou tentar respondê-la por etapas. Bom, sempre gostei muito de escrever. Uma das minhas maiores incentivadoras foi minha primeira professora: Dona Luzia. E, da qual, sinto muitas saudades. Me lembro bem de suas aulas de redação. Ela colocava uma figura no quadro e pedia para que apenas descrevêssemos o que víamos. Depois ela completava: “agora imaginem que vocês fazem parte deste cenário e façam uma linda redação”. Era mágico! Depois tínhamos que ler nossas histórias para os outros alunos. Morria de vergonha. Então sempre fui muito acanhada em expor meus escritos. Por causa disso fui ser jornalista. Uma profissão que amo de paixão. Nela encontrei uma maneira de contar histórias sem precisar me expor tanto. Trabalhei na extinta Gazeta Mercantil. Lá, era responsável por escrever e editar uma página inteira sobre Balanços Ambientais e Sociais. Contava histórias verdadeiras de pessoas que faziam coisas incríveis. Mas era uma linguagem muito empresarial, objetiva e “seca”. Fui uma das últimas jornalistas a sair do jornal quando ele fechou suas portas. Trabalhei também em outros veículos, mas sempre empresariais (revistas e jornais). Antes de me formar em jornalismo havia feito três anos do curso de Letras na UFMG. Mas fui complementá-lo, anos depois, na PUC-Minas e, logo depois, resolvi fazer um Mestrado. Em 2006 acabei entrando para um grupo de pesquisa em literatura de autoria feminina na UFMG. Organizamos/revisamos livros acadêmicos e ainda hoje edito a revista Mulheres em Letras. Queria também ser professora, ensinar as pessoas a arte da escrita, do jornalismo, enfim, a brincar e se encantar com o texto, com as palavras. Assim como Dona Luzia um dia fez comigo. Dei aulas de português, de jornalismo e de planejamento gráfico. Mas os anos foram passando e me tornar uma empresária na área da edição foi apenas uma consequência, resultado de um longo percurso, sempre de amor e paixão pela escrita. Como pode perceber, me realizo com todas essas atividades, sempre.

JRP - Fale um pouco sobre sua editora Todavoz e quem pode publicar por ela?

FP - Brinco sempre com as pessoas que nos procuram: “é preciso nos enxergar com uma lupa”. Somos uma microempresa. Não temos a pretensão de ser uma grande editora, mas uma editora comprometida com pessoas que amam fazer outras pessoas sonharem/viajarem quando contam suas histórias. São essas pessoas que podem publicar pela Todavoz. É isso que torna o ser humano mais próximo ao divino, seres “humanos”, de verdade.

JRP - Quais dicas você daria para quem quer publicar o primeiro livro?

FP - Em primeiro lugar, reúna tudo que você já escreveu. Separe aquilo que considere mais relevante e que vai impactar alguém, seu leitor, mesmo que seja para uma pessoa só. Isso já basta para que o livro que você irá publicar ser de grande importância. Publiquei a biografia da minha mãe quando ela completou 80 anos, com fotos e histórias. Dei a ela de presente e uma cópia para os seus irmãos e irmãs. Foi seu melhor presente. Claro, sem desmerecer os vários outros presentes que ela ganhou nesse dia.   

JRP -Como um autor pode chegar até você?

FP - Me conte sua história, me ligue, me envie um e-mail: todavozeditora@todavozeditora.com.br

JRP - Fale sobre mercado editorial e como ele tem sobrevivido neste cenário pandêmico?

FP - Quando falamos em mercado editorial temos os três lados: do empresário, do escritor (a) e do leitor. Como empresária, acredito que não é só o mercado editorial que tem sobrevivido com restrições neste terrível cenário. Toda nossa economia tem passado por provações e buscando encontrar soluções que minimizem os impactos negativos. Ou, no máximo, tentar sobreviver. O editorial é um deles. Nossa moeda perdeu o valor totalmente e só quem ganha dinheiro nesse país é quem exporta ou mexe com mercado financeiro (bancos, por exemplo). Para o escritor (a) existem ainda algumas oportunidades, como as publicações digitais/autorais, o self-publishing. Quanto ao leitor, este está cada dia mais distante das melhores médias de leitura por indivíduo do mundo. Na Índia, que se encontra em primeiro lugar, por exemplo, são 10,7 horas gastas semanalmente com leitura. O brasileiro, no ranking de 30 países aparece na 27ª posição. Então, seja como for, estamos num momento difícil para o mercado editorial. Resta-nos esperança de dias melhores.

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Entrevista realizada por José Roberto Pereira, publicada originalmente no Jornal Diário

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Cinco perguntas para a atriz e escritora Carmélia Cândida

 José Roberto Pereira
Cadeira n.º 12

Carmélia Cândida começou sua carreira artística como contadora de histórias. Depois foi para o teatro e o cinema, e nessas áreas artísticas desenvolve trabalhos como atriz, autora e roteirista. Publicou dois livros de forma independente: “O Azul dos olhos dela” (2021) e o infantojuvenil “A fuga da sereia” (2021), este último ilustrado por Michel Salazar. Essa artista vem conquistando seu lugar no panteão da arte pará-minense a cada trabalho lançado. Leia a entrevista realizada exclusivamente para esta coluna.

JRP – Comente esta frase: “Quase todos os brasileiros sabem escrever, mas pouquíssimos realmente escrevem”.

Carmélia - Saber escrever ou ler, no sentido de ser alfabetizado, guarda uma longa distância do escrever bem e do ler com proficiência, ou seja, interpretando, atribuindo sentidos ao que se lê. Escrever não é uma tarefa fácil, e é uma dificuldade para muitas pessoas. O Brasil não é um país de leitores, a  educação – no nosso contexto histórico –  nunca foi prioridade para os governantes, a arte e a cultura não são valorizadas.  Nesse cenário, não poderíamos esperar que a maioria das pessoas que “sabem” escrever realmente escrevam.

JRP - Como se deu sua descoberta no campo da escrita?

Carmélia - Meu gosto pelas letras e pelo artístico foi despertado já nos meus primeiros anos. E entendo que o que veio depois, na minha vida artística, tem a ver com esse início. Algumas coisas como consequências de outras. Nos tempos de colégio, vez ou outra, eu flertava com a escrita, e isso foi me acompanhando. Mas demorou até que eu passasse a escrever com mais consistência. De uns onze anos pra cá, é que comecei a me dedicar mais à escrita, da forma como me é possível. Eu entendo que tornar-se escritor – assim como ator, músico ou outro artista –  é um processo, uma construção que demanda tempo, experiências etc. Eu só sei que eu escrevo, quando o texto vem ou quando eu desejo buscá-lo. E isso não acontece sempre. De tempos em tempos, eu me sinto aberta à escrita, e escrevo muito, minha escrita flui como água jorrando de uma fonte. É maravilhoso! Mas, em outros tempos, algo em mim se fecha, e não consigo escrever nada. Então eu estou me descobrindo ainda e espero estar sempre. Enquanto eu estiver nessa construção, estarei experimentando, aprendendo, me aperfeiçoando e, o melhor,  surpreendendo a mim mesma.

JRP - “A fuga da sereia” é seu segundo livro publicado, mas é o primeiro dedicado ao público infantojuvenil. Do que se trata a história? E como seu público recebeu este trabalho?

Carmélia - A história se desenvolve em torno do sumiço de uma sereia e começa no ponto em que nasce o rumor de que ela havia fugido. E não tinha fugido sozinha! Levara com ela o Boto Rosa. O rumor vai crescendo, se espalha, e tudo e todos  – mar, praia, homens, peixes, animais da água e da areia –  sofrem com a ausência dela. Nesse cenário, a gaivota, ao voltar de viagem e ficar sabendo do ocorrido, se mostra desconfiada e coloca todos em alerta. Começam, então, a investigar melhor a história. O que será revelado eu não vou poder contar, pois eu quero que as pessoas descubram com os personagens, lendo o livro e as belas ilustrações, mas posso dizer que o leitor irá se deparar com uma narrativa marcada por amizade, perdão, redenção, amadurecimento, entre outros temas.

O livro tem sido muito bem recebido pelo público. É gratificante, pois, quando a gente faz um trabalho, só vamos saber  a dimensão dele quando ele chega às pessoas, e eu fiquei até surpresa positivamente com o interesse e carinho delas e com os retornos recebidos.

JRP  – Publicar livro no Brasil é fácil? E como você foi agrupando os profissionais necessários para dar vida a este projeto?

Carmélia - Para publicar de forma independente, ficou mais fácil em relação a anos atrás, considerando que hoje quase tudo pode ser acessado ou resolvido pela Internet. Ainda assim, é difícil, pois os custos da publicação são altos e vender livros não é tarefa simples. Publicar com contrato com editora, com os custos por conta dela, acredito que, no Brasil, é para poucos.

Por motivos diversos, passaram-se dezoito antos entre o tempo que escrevi o texto e o tempo em que decidi que faria a publicação de forma independente. Isto se deu em 2019 e, após a primeira tentativa de preparar a edição, foram mais de dois anos até o que livro saísse da gráfica. No caso, minha maior dificuldade foi encontrar um ilustrador. Passei por tentativas frustrantes e desanimadoras. Quando encontrei o Michel Salazar, tudo fluiu,  ele também fez capa, projeto gráfico/diagramação, e isso  simplificou muito o processo, pois ficou faltando somente o serviço da gráfica.

JRP  – O que podemos esperar da sua produção artística em 2022?   

Carmélia – “Mulheres santas também são inquietas” é um livro de poemas sensuais que finalizei em 2020 e será lançado provavelmente em março; devo lançar um infantil no segundo semestre e outro no fim do ano, com uma história de Natal (era para ter lançado este ano, mas não ficaria pronto a tempo).

No teatro, estou com o projeto de montagem de um espetáculo sobre violência contra a mulher que quero muito concretizar, é um texto cuja pesquisa  e escrita comecei a desenvolver no fim de 2018.

Começo a trabalhar, no momento, na construção de um roteiro, com o José Roberto Pereira, de uma série que deve ser gravada já no início do ano, sob a direção do José e do Guto Aeraphe.

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Entrevista realizada por José Roberto Pereira, publicada originalmente no Jornal Diário

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

As mulheres da minha vida

Ailton José Ferreira
Cadeira n.º 7

Já há algum tempo venho matutando em minha mente a vontade de escrever sobre as mulheres que fazem parte da minha vida, e que são luzes que iluminam a minha estrada. Para mim, qualquer momento é ideal para falar e homenagear este ser mais belo que Deus criou, para ser companheira do homem.

Vocês podem estar se indagando de que mulheres estamos falando. Se foram amantes ou o são durante o meu viver neste mundo. Mas não, são amadas por mim e Graças ao bom Deus ainda estão vivas e compartilhando comigo, de minha vida atual e espero, se for vontade do Ser Supremo, que ainda o sejam por muito tempo. Pois consigo amá-las, a cada uma, ao mesmo tempo, de um jeito todo especial. Trata-se de oito mulheres que dão o colorido todo especial na minha vontade de viver e continuar lutando por um mundo melhor. Essas mulheres de um jeito ou de outro foram e são muito importantes.

A começar pela minha querida e amada mãe, Marilene, que me trouxe ao mundo e educou a mim e os meus irmãos no melhor sentido possível de família, juntamente com meu pai (falecido há sete anos). Na sua simplicidade sempre nos mostrou o caminho correto da vida, mesmo com todos os obstáculos e problemas que surgiram à frente, foi uma guerreira ao lado do meu querido pai. Em seguida, minha sogra, Maria, verdadeira santa e mãe de filhos numerosos que soube cuidar e criar os mesmos com um amor infinito, e educá-los na verdadeira fé cristã. Acolheu-me em sua família de braços abertos, a quem eu considero como minha segunda mãe, pois ama a todos como a seus filhos. Uma verdadeira santa a quem eu amo de um jeito todo especial.

Abro agora um parágrafo especial para falar destas outras seis mulheres que preenchem todo o meu espaço, que me encantam e que é a razão do meu viver. Minhas filhas Laura Carolina, Ana Cristina e a caçula Gabriela Vitória - e minhas duas netas Lívia e Maria Fernanda. Princesas do meu lar, do meu caminho que são frutos de um amor “imensurável”. Cada dia de vida delas coloca um tijolo a mais no alicerce familiar em que vivo preso, Graças a Deus! E, finalmente, a razão de tudo isso isto que escrevo agora, e que a cada momento ao seu lado, mais me encanta, move o meu moinho. Minha rainha e amada esposa Geralda, que embeleza e perfuma o meu jardim, fazendo brotar cada vez mais flores maravilhosas, lindas e perfumadas. Se paixão e amor, para os entendidos, são sentimentos diferenciados, para mim, um leigo, eles são iguais. Não consigo separá-los, porque o que sinto pela minha esposa se confunde e eles se fundem num só. Sempre se expandindo como o Universo.

Sempre digo que uma mulher constrói um homem, basta existir entre ambos o amor. Pois sem as mulheres, não seríamos absolutamente nada neste universo.

OBRIGADO, mulheres da minha vida, por vocês existirem e traçarem o meu caminho! E obrigado a todas as mulheres por existirem na vida de nós, homens! 

QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Todo dia 5 é dia de Música!



Prepare-se para cantar conosco, porque a poesia também se transformou em música!

Em 2022, a Academia de Letras de Pará de Minas divulgará as letras de diversas músicas de autoria da acadêmica Conceição Cruz - cadeira n.º 4 da ALPM - e de outros colaboradores.