Carmélia Cândida
terça-feira, 28 de julho de 2020
domingo, 26 de julho de 2020
quarta-feira, 22 de julho de 2020
Escritoras lançam livro "Letras da Quarentena"
domingo, 19 de julho de 2020
Missiva
Márcio Simeone
Cadeira n.º 8
Querido amigo,
Que esta mensagem o encontre bem e com saúde!
Parece
que vejo sua pequena filhinha-flor em sua exploração curiosa, demorada e
destemida. Já deve estar a dar seus passinhos para o mundo grande.
Enquanto isso estou aqui reduzido a um mundo bem pequeno que com meus
passos grandes percorro sem muita demora, embora sempre curioso (e
precavido). Nunca fiz trajetos tão pequenos, nem quando engatinhava e
cada metro era quase infinito. Mas faço de tudo para romper as bolhas: a doméstica e a de um trabalho feito nas nuvens. Tenho conseguido, porque,
afinal, a alma vai aonde o corpo não pode alcançar. Até ao paraíso, se
quiser, para uma visita.
Então, tudo se acumula. Há muita coisa para já e
outro tanto ainda maior que é para depois, para quando Deus quiser.
Fico com as promessas de resgatar tantos abraços dos quais sou credor e
também de pagar a mesma dívida, com juros e juras. Sigo tentando fazer de
tantas dúvidas ao menos uma certeza; às vezes até transformo um monte de
feiúras em um tiquinho assim de beleza. Já dá para o gasto e para o
gosto. Ainda preciso transformar as demoras em possibilidades, o que
talvez seja o mesmo que tornar água em vinho. Mas é nisso mesmo que me
aplico no passar das horas.
Se o dia passa bem rápido, lá se vão muitas
possibilidades. Assim, acordo cedo. Dizem que é uma tentativa inútil de
esticar o dia, mas eu não acho assim. Parece que acordar junto com o céu
preguiçoso da manhãzinha desperta em mim alguma ideia boa e me tira do
escuro para o claro com calma, silêncio e suavidade - e cheiro de café
bem forte. Com o bulício da manhã já alta estarei de novo nas nuvens
para ganhar meu pão ou a lidar com as manutenções, conforme mandem as
rotinas, vejo quem precisa de mim e o que posso fazer. Mais tarde vejo
também o que posso fazer por mim mesmo, para complementar. Não sem
preocupações, ansiedades - uns desafios de sempre e outros inéditos.
Muitas são as dores, tamanhas as necessidades neste mundo. Às vezes faz
mais frio, às vezes bate tristeza, saudades são constantes, tem horas que o calo aperta, mas tem
hora que alguém canta. Como diria o poeta, tudo isso é maravilhoso!
Mil abraços a você (e aí vai mais uma promessa!).
Mil abraços a você (e aí vai mais uma promessa!).
domingo, 12 de julho de 2020
"Grilada"
Conceição Cruz
Cadeira n.º 4
- Extra!
- Extra, extra, extra?
O que isso significa, Gafa?
- É a chamada extraordinária do jornal, Tico.
- Acris, você já viu essa chamada extra do jornal?
- Sim, Tico. Eu até me inscrevi para fazer parte!
- Fazer parte de quê, Acris?
- Gafa, eu também irei com outros gafanhotos jovens neste voo internacional.
- Até você?
Tão jovem?
Pensei que esta missão fosse apenas para veteranos como eu.
- Que missão é essa, Gafa?
- Tico, faremos o maior voo da estória deste século: uma nuvem com uns 40 milhões de passageiros!
- Um recorde de 40 milhões de passageiros em um único voo, Acris?
Gafa ensaia um salto, volta-se para prestar atenção à fala da jornalista Arta:
- E atenção! Atenção! Um grupo de gafanhotos perdeu a direção do voo e morreu após digerir plantações não recomendadas pela AMA - nossa Agência da Maturidade.
E Gafa diz:
- Ah! Eta juventude! Pensa que tudo pode! Olhem o preço dessa opção! Quando aprenderão a comer coisas saudáveis? Desde que o mundo é mundo, discernimento é tudo!
Cricri aproxima-se do grupo e diz:
- Tico! Nós, americanos, estamos todos convocados: passamos pelo Paraguai, fomos para Argentina, Uruguai...
E, se tudo der certo, em breve, vamos comer as delícias de um dos maiores celeiros do mundo!
Comidinha fresca e boa!
- Você, o famoso Cricri, que estava à frente dos grupos no Quênia?
- Isso mesmo, Tico!
- Mas, como veio parar aqui?
- Com esta desordem climática, meus amigos e eu pegamos uma rajadinha de vento, visitamos outros países e, de vento em vento...
À certa altura, ele, o vento, transformou-se e chegou bem mais encorpado por aqui, Acris.
- Gafa, meu velho amigo, somos veteranos de muitos pastos verdes...
Quando jovens, foram tantas aventuras!
- Você esteve no Egito, Cricri?
- Não, não, Tico.
Foram os nossos tataravós.
Antes, sem a consciência de uma grande e única família, éramos destruídos com facilidade!
Agora, unidos...
Apesar de pequenos, somos indestrutíveis: estamos todos conectados!
Ah! Unidos! E JUNTOS! Tem força maior?
- No livro mais lido pela humanidade, ficamos conhecidos como praga, interrompe Gafa.
Em outra oportunidade, fomos ousados!
Não me esqueço de quantas vezes, no mundo, cobrimos o sol...
- Gafa, é verdade que, em alguns países, somos vistos como mensageiros?
- Acris, os nossos “primos” são vistos sim.
Apesar de amados, em alguns lugares, são até servidos como petiscos...
(Em outros, falam até em “grilagem" de terras... Sorri, enquanto pensa baixinho).
- Pertencemos à uma grande classe! Formamos uma grande ordem, com diversas famílias e gêneros. Acrescenta Cricri com orgulho:
- Enquanto buscamos a forma gregária de vida, eles vivem em pleno isolamento social, conectados a aparelhos e desconectados do seu próximo. Ainda mais agora, com esse momento de pandemia...
Estranho é o bicho homem, não?
- É Acris. Tem gente que mistura tudo, tudo, tudo! Que gafe!
E até faz uma verdadeira “grilada"!
-Tico!!! Veja só!
Se um “grilo” é sinônimo de sorte...
- Acris!!!
Com este panorama mundial, imagine quarenta milhões de “nós”, juntos, juntinhos!!!
Será por isso que alguns governos abriram os cofres...
E, mesmo assim, muitas companhias aéreas faliram?
Disseram até que prepararam diversos... aviões?!
Será que é para nos recepcionarem?
- Tomara! Que festa, hein, Gafa?
- Tico, detalhe!
Como diz o dito popular: “este bolo tem belas cerejas”!
Lá, poderemos comer de tudo, tudo, tudo! Sem li-mi-tes!
Sem burocracias orçamentárias! Nada de coisa pública, misturada! Será bem intimista, bem particular! Só para nós! E nós!
E só de não ter ninguém por perto para nos fritar e nos devorar...
Sorte?
É pouco!
E, com certeza, em todos os lugares já deve ter muita gente “grilada” à nossa espera!
Avante!
- Extra, extra, extra?
O que isso significa, Gafa?
- É a chamada extraordinária do jornal, Tico.
- Acris, você já viu essa chamada extra do jornal?
- Sim, Tico. Eu até me inscrevi para fazer parte!
- Fazer parte de quê, Acris?
- Gafa, eu também irei com outros gafanhotos jovens neste voo internacional.
- Até você?
Tão jovem?
Pensei que esta missão fosse apenas para veteranos como eu.
- Que missão é essa, Gafa?
- Tico, faremos o maior voo da estória deste século: uma nuvem com uns 40 milhões de passageiros!
- Um recorde de 40 milhões de passageiros em um único voo, Acris?
Gafa ensaia um salto, volta-se para prestar atenção à fala da jornalista Arta:
- E atenção! Atenção! Um grupo de gafanhotos perdeu a direção do voo e morreu após digerir plantações não recomendadas pela AMA - nossa Agência da Maturidade.
E Gafa diz:
- Ah! Eta juventude! Pensa que tudo pode! Olhem o preço dessa opção! Quando aprenderão a comer coisas saudáveis? Desde que o mundo é mundo, discernimento é tudo!
Cricri aproxima-se do grupo e diz:
- Tico! Nós, americanos, estamos todos convocados: passamos pelo Paraguai, fomos para Argentina, Uruguai...
E, se tudo der certo, em breve, vamos comer as delícias de um dos maiores celeiros do mundo!
Comidinha fresca e boa!
- Você, o famoso Cricri, que estava à frente dos grupos no Quênia?
- Isso mesmo, Tico!
- Mas, como veio parar aqui?
- Com esta desordem climática, meus amigos e eu pegamos uma rajadinha de vento, visitamos outros países e, de vento em vento...
À certa altura, ele, o vento, transformou-se e chegou bem mais encorpado por aqui, Acris.
- Gafa, meu velho amigo, somos veteranos de muitos pastos verdes...
Quando jovens, foram tantas aventuras!
- Você esteve no Egito, Cricri?
- Não, não, Tico.
Foram os nossos tataravós.
Antes, sem a consciência de uma grande e única família, éramos destruídos com facilidade!
Agora, unidos...
Apesar de pequenos, somos indestrutíveis: estamos todos conectados!
Ah! Unidos! E JUNTOS! Tem força maior?
- No livro mais lido pela humanidade, ficamos conhecidos como praga, interrompe Gafa.
Em outra oportunidade, fomos ousados!
Não me esqueço de quantas vezes, no mundo, cobrimos o sol...
- Gafa, é verdade que, em alguns países, somos vistos como mensageiros?
- Acris, os nossos “primos” são vistos sim.
Apesar de amados, em alguns lugares, são até servidos como petiscos...
(Em outros, falam até em “grilagem" de terras... Sorri, enquanto pensa baixinho).
- Pertencemos à uma grande classe! Formamos uma grande ordem, com diversas famílias e gêneros. Acrescenta Cricri com orgulho:
- Enquanto buscamos a forma gregária de vida, eles vivem em pleno isolamento social, conectados a aparelhos e desconectados do seu próximo. Ainda mais agora, com esse momento de pandemia...
Estranho é o bicho homem, não?
- É Acris. Tem gente que mistura tudo, tudo, tudo! Que gafe!
E até faz uma verdadeira “grilada"!
-Tico!!! Veja só!
Se um “grilo” é sinônimo de sorte...
- Acris!!!
Com este panorama mundial, imagine quarenta milhões de “nós”, juntos, juntinhos!!!
Será por isso que alguns governos abriram os cofres...
E, mesmo assim, muitas companhias aéreas faliram?
Disseram até que prepararam diversos... aviões?!
Será que é para nos recepcionarem?
- Tomara! Que festa, hein, Gafa?
- Tico, detalhe!
Como diz o dito popular: “este bolo tem belas cerejas”!
Lá, poderemos comer de tudo, tudo, tudo! Sem li-mi-tes!
Sem burocracias orçamentárias! Nada de coisa pública, misturada! Será bem intimista, bem particular! Só para nós! E nós!
E só de não ter ninguém por perto para nos fritar e nos devorar...
Sorte?
É pouco!
E, com certeza, em todos os lugares já deve ter muita gente “grilada” à nossa espera!
Avante!
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Imagem: https://www.gratispng.com/png-o59kqn/download.html
quinta-feira, 2 de julho de 2020
Livro infantil de escritora da ALPM ganhou projeto em escola da periferia de Belo Horizonte
O livro infantil "Bornata e sua boneca de papel", da escritora Conceição Cruz (Cadeira n.º 4 da ALPM) foi escolhido por professoras da Escola Municipal Deputado Milton Salles, na favela da Ventosa (Jardim América, Belo Horizonte) para realização de um projeto de leitura. Em tempo de pandemia, Bornata foi até os lares das crianças, com a ajuda
de professores em teletrabalho, levando alegria, esperança e
possibilitando uma melhor interação familiar.
A Escola Municipal Deputado Milton Salles, em Belo Horizonte
Comentário de aluno sobre o livro
O
projeto de leitura, com alunos na faixa dos 6 anos, foi desenvolvido na turma de 1.º ano do Ensino Fundamental pelas Professoras Mônica
Gomes Prata e Maria Bernadete Diniz Costa. A professora Mônica conta que o Projeto Literatura tem como objetivo principal
despertar o gosto pela leitura e visa atingir crianças de todas as
faixas etárias.
A professora Mônica Gomes Prata
Alguns alunos da turma do 1.º Ano
(fotos cedidas pela Profa. Mônica sob autorização)
Ela explica que, todos os dias, a
professora que inicia as aulas (pode ser a professora referência ou a professora de apoio) faz uma "leitura deleite" e, no final da
semana, elege uma história para trabalhar de modo sistematizado. No caso, a
escolhida foi "Bornata e sua Boneca de Papel". Diz ainda a professora: "como estamos em
teletrabalho, postei a história e pedi para um adulto ler para a
criança; após a leitura, pedi para cada um me contar porque a menina
tinha esse apelido, de que material a boneca de Bornata era feita e
porque ela desmanchou na água; e, por fim, a apreciação da obra: se
gostou da história e por quê; após conversarmos, pedi também que cada criança desenhasse a parte que mais gostou". Ela avalia que o objetivo foi atingido e houve muita participação dos pais e
das crianças.
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