quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Obras raras - Parte I / XII

 José Roberto Pereira
Cadeira n.º 12 

De repente, eu estava ali, estático, incapaz de reverter a situação na qual me encontrava. O sofá, que por ora me acolhia, mostrava-se bastante confortável. Tentei compreender a posição do meu corpo sobre ele, mas não consegui. Uma força estranha e desconhecida arrastava-me a uma área interna e profunda que me desconectava, vez ou outra, da realidade. Com esforço, respirei lentamente e tentei ter consciência do acontecido. Tive um leve apagão, pensei. Um desses em que a mente continua acessando o interruptor da realidade, embora o corpo estivesse num caos emocional, abatido. Por fim, entreguei-me por completo... Sentia a paralisação total de partes do meu corpo, como tronco, pernas, braços, mãos, dedos... Fiquei um tempo absorto em meio ao que parecia ser um pesadelo. Minha mente não contribuía para que o quadro pudesse ser revertido. Uma sucessão de imagens brotava na minha memória... Situações vividas recentemente, outras longínquas, fisionomias de pessoas, alguns objetos, paisagens... Certo cansaço mental apoderou-se de mim. Sem resistência, abandonei-me ao abismo e à própria sorte...

De súbito, uma voz suave soou pelo ambiente onde eu estava. Com grande esforço, tentei recobrar a consciência. Fracassei. Minha mente divagava, inconscientemente e, naquele instante, ditava regras ao nosso próprio corpo, minha propriedade, sua morada.

A voz aveludada ressoou novamente. Dessa vez, eu compreendi as palavras. Alguém me perguntava se estava tudo bem comigo. Ao entender aquela mensagem, tive uma vontade imensa de dizer que não. Não estava tudo bem. Mas não consegui pronunciar uma só palavra. Juntei um pouquinho de lucidez que ainda resistia em mim e, num esforço assombroso, ousei abrir os olhos minimamente, quando me deparei com uma imagem surreal. Privado de minhas feições, não pude expressar no rosto ou pela voz dois sentimentos: surpresa e perplexidade. A voz repetiu a pergunta. Refiz-me emocionalmente. Tentei demonstrar um pedido de socorro, mas estava inerte demais para essa tarefa. A solução foi tentar mover um lado da boca, buscando desenhar um sinal de mal-estar. Nada. A pequena abertura nos meus olhos desanuviou minha visão. Olhei fixamente, com os olhos semiabertos, quase por uma fenda entre as pálpebras, para ter certeza do que via. Como era possível!? A voz aveludada fez outra pergunta. Dessa vez, não se referiu ao meu estado de saúde mental ou físico. Perguntou se poderia se sentar no estofado, onde meu corpo estava. Insisti com o movimento dos lábios numa tentativa de resposta... Nada. Fitei um ponto qualquer da sala, tentando passar uma mensagem. Nem sei se fui realmente compreendido. O fato é que, diante dos meus olhos semiabertos, a imagem de São José, esculpida em cerâmica e queimada a novecentos graus, se movimentava diante de mim. Pensei ser uma miragem, obviamente. O santo mais silencioso da igreja católica tentava estabelecer um diálogo comigo. Inacreditável. Ignorei a aparição e refleti, brevemente, se sentia saudade da ceramista Eloísa Xavier, autora da bela escultura. Eloísa havia feito a peça exclusivamente para mim, tempos atrás, quando eu fechei um ciclo de trabalho do qual ela fazia parte. E me presenteou, dizendo que São José era um carpinteiro de almas e que eu, sendo um carpinteiro das palavras, usasse a literatura para apaziguar conflitos causados pelas mazelas humanas. Inexplicavelmente, a escultura agigantou-se. A seu modo, tornou-se viva e conversava comigo. Como podia aquilo? Certamente, eu estava num sono profundo. A qualquer momento, acordaria. Depois de me debater com braços e pernas, de retorcer o corpo para me despertar, acordaria. Num dado momento, os braços da escultura se moveram. Suas vestimentas balançaram-se de tal jeito que uma camada de poeira de terra de formigueiro se espalhou pelo ambiente. O inesperado surpreendeu até mesmo São José, que riu serenamente diante da artimanha da matéria da qual era feito. Uma de suas mãos veio em direção ao meu peito. Quando ele a encostou em mim, senti o coração acelerado. Tive receio do que poderia advir de uma taquicardia. Mas São José moveu seus lábios, sorrindo levemente, acalmando-me. O movimento de sua boca jogou mais poeira pelo ar. A poeira provocou-me tosse, e não consegui controlar o regozijo do corpo. Por fim, o santo me disse, em tom de cochicho, como numa confissão, que tudo ficaria bem. Era apenas uma questão de tempo. Depois se levantou bruscamente. Sua atitude inesperada deixou o ambiente ainda mais empoeirado. O ar ficou rarefeito.  Suas vestes se moveram de um jeito que as sobras de modelagem na peça, deixadas pela artista quando ela a esculpiu, caíram pelo chão. O piso da sala ficou tal qual deve ficar o ateliê da artista, coberto por fragmentos de argila, por sobras retiradas das esculturas religiosas que ela modela com maestria.

...Continua.


domingo, 27 de setembro de 2020

A vida como ela é ou a vida como ela está?

Ailton José Ferreira
Cadeira n.º 7

É difícil, às vezes, compreendermos o que o mundo passa atualmente; e esta pergunta nos deixa confusos. Isso mesmo, será que cada um de nós, criaturas de Deus, leva a vida como ela realmente é ou como ela se apresenta no contexto atual de nossa sociedade, muitas vezes confusa em sua caminhada? É porque muitos dos que estão no poder, e se acham "deuses do Olimpo", tentam nos convencer que as guerras, as atrocidades que ocorrem nelas, com muitos inocentes torturados e mortos covardemente é a única solução para se chegar à tão almejada paz mundial entre os povos. 

E tudo isso pelo fanatismo, pelo poder, pela corrupção é que tentam nos impor que a violência é a única solução para a paz. Falo com muita convicção que isto é simplesmente ridículo, pois jamais serei convencido de que a guerra é a solução para a paz, o respeito entre os homens e as nações. Ora, meus irmãos em Cristo, desde a pré-história que o ser humano vem tentando conquistar a paz com a violência e nunca conseguiu e jamais conseguirá êxito, pois a violência gera revolta, sofrimento, mágoa, sede de vingança e ódio.

E se para o ser humano as guerras são a única solução, como poderemos combater a própria violência, a injustiça, a fome e tudo mais que destrói o desenvolvimento de uma nação? É difícil, como, já disse, entendermos o que se passa na mente daqueles que possuem poderes de modificar para melhor ou para pior o nosso mundo. Porque o diálogo não se faz presente na maioria das negociações dos conflitos entre os povos. Não digo aquele diálogo que levam prontos "armados na manga", visando apenas o interesse próprio do poder, de conquista cada vez maior, sem se preocuparem com os interesses da outra parte. Isso não são diálogos, muito menos acordo e respeito para com o próximo. E para completar há esta pandemia do COVID-19, assolando o Brasil e o mundo, aqueles que detêm o poder em nossos países tentando ganhar glórias com a saúde do povo, através da corrupção e outras ações que não correspondem ao bem público.

E, assim, sem nos comprometermos com o Projeto de DEUS, a vida vai continuar como está, e não como verdadeiramente ela deve ser: caminharmos na estrada de Jesus, seguirmos os seus passos e fazermos como Nossa Senhora e todos os Santos, respeitando e amando o nosso próximo, o mundo em que vivemos e aceitarmos as diferenças de cada ser humano, pois somos iguais perante Deus, porém Ele nos fez únicos, com nossas virtudes e defeitos, justamente para nos aperfeiçoarmos durante a nossa vida terrena. Pois a PAZ vem do interior do nosso ser, amando-nos uns aos outros.

 QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!

domingo, 20 de setembro de 2020

ALPM, Parabéns!

Conceição Cruz
Cadeira n.º4




ALPM - Academia de Letras de Pará de Minas é um marco da

Literatura viva! Comemoramos seus 23 anos no dia

Presente! Os queridos imortais Dirceu

Mendonça e Sílvio Lage


Vivenciaram a sua criação! E tantos outros

Ilustres escritores participaram do 

Nascimento desta renomada instituição. Foram

Treze: Hernani Almeida, Márcio Simeone, Paulo Santos, Ana Cláudia e 

E Júlio Saldanha, Valmir José,  Pedro Gonzaga, Roberto Neves.


E ainda: Lígia Muniz, Hila Flavia, Terezinha Pereira... O


Trabalho eternizado nos cadernos literários, nos livros, nos jornais...

Registrado nas noites de poesias, nos saraus, nas peças teatrais.

E também nos bianuários, nas visitas escolares,

Sem falar dos cafés literários e do


Âmago de nossos corações!

Naturalmente,

Outros tantos anos virão e a

Sociedade continuará a sorver os seus sábios frutos!

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20 de setembro, aniversário de fundação da Academia de Letras de Pará de Minas


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Escrever...



A escritora Malluh Praxedes ocupa a cadeira n.º 19 da Academia de Letras de Pará de Minas

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Uma publicação do projeto "Em dia com a poesia", de Carmélia Cândida e José Roberto Pereira, membros da ALPM.

sábado, 12 de setembro de 2020

Pipoca e as sementes mágicas

Conceição Cruz
Cadeira n.º 4




No final do século passado, numa próspera fazenda, na região centro-oeste do interior de Minas Gerais, próxima a São José da Varginha, nasceu uma menininha apelidada de Pipoca pela família. Ela era forte! Parecia uma bezerrinha mimada!

Já mocinha, laborava na roça, ajudava na colheita do milho. Gostava de animais, da roça, de cheiro de mato, de água fresca, enfim, de morar na fazenda. Quando ia à cidade, ficava preocupada ao ver como as pessoas estavam cada vez mais tristes, mais estressadas!

Um dia, ao percorrer os pastos, voltando para casa bem à noitinha, viu uma luz migrar de um ponto a outro: uma tocha de fogo!

Por aqueles arredores, corria um boato de que aquilo era a famosa Mãe do Ouro, mudando o precioso metal de lugar. Acreditavam, porém, que se alguém se deparasse diretamente com aquela força, desmaiaria e até morreria.

Para evitar que as pessoas daquele lugarejo desmaiassem ou morressem, pois ninguém sabia onde aquela luz apareceria de novo, resolveu procurar as autoridades na capital para relatar o ocorrido. Qual não foi a sua surpresa ao ver que as pessoas morriam de rir ao ouvir a sua história e, principalmente, de seu sotaque interiorano, de seu modo de falar. Diziam que aquilo parecia “causo” de pescadora.

Fantasia! Isto não existe!

 Ela andou, andou, andou. Cansou-se. Voltou para casa. Continuava pensativa ao ver tantas pessoas já sem brilho no olhar, onde a rotina parecia lhes consumir o dia, as horas, o tempo, a vida... Novamente, a Luz apareceu dentre as pastagens.  Pipoca fixou bem aquele ponto.

No outro dia, bem cedinho, foi àquele local.

Curiosamente, encontrou várias árvores frondosas, de floração amarela: pareciam cobertas de ouro! Maravilhou-se com a beleza do colorido das flores. Respirou profundamente! Sentiu a magia da natureza, da mansa brisa, do perfume delicioso e delicado que pairava no ar...

Observou que as flores lembravam sorvetes, bonecas e até mesmo caras de palhacinhas com chapéus. Ficou ainda mais feliz! Percorreu o campo. Colheu um pouco de tudo. Em casa, colocou o milho na panela. As pipocas pululavam juntamente com suas ideias...

As pessoas riem dos fatos que ocorrem por aqui!

À noite, enquanto dormia, sonhou com a tocha de fogo flutuando sobre a sua cama e lhe dizia:

– Não tenha medo! Que tal você ser “A Pipoca”?

 Acordou cedo. 

Viu que a sua casa estava coberta de flores amarelas: todo o telhado, em volta da casa, o quintal todinho! Tudinho! Ficou intrigadíssima!

Parece que a tocha trouxe com ela um vendaval perfumado. Está tudo “coalhado” de lindas flores também na realidade!

Passou vários dias em êxtase com aquele cenário enquanto meditava...

Voltou ao local onde havia visto a Luminosidade.

Deitou-se debaixo de uma árvore frondosa. Quantas flores!

Como é possível: toda esta beleza ser fruto de uma única semente?!

Ficou de pé. Abraçou o tronco. Agradeceu a árvore!

Sinto uma Paz imensa quando estou aqui!

Semente! É preciso SER MENTE!

Refletiu. Lembrou-se das pessoas nas cidades...

Quanto concreto, poluição, ruídos, trânsito! Asfalto fervente! Calor! Quanto calor! Quanta aridez! Quando chove, a água derruba as casas... Não estaria faltando planejamento urbano-ecológico? Qual seria a proporção ideal de verde para cada ser vivo? Será que cada pessoa poderia ser responsável ao menos por uma árvore?

A noite veio chegando devagarinho, devagarinho...

Beijou algumas árvores e várias sementes caíram em sua cabeça. Ela as recolheu e foi para casa.

No outro dia, foi à cidade, pensando:

O que é ser Pipoca? O que será isto?

Vou perguntar às pessoas. Saiu pela cidade.

Ah! Isto é palhaçada! Onde já se viu uma pergunta destas?

Os transeuntes se afastavam sorrindo, abanando a cabeça.

Num domingo, enquanto fazia a sesta, recostada sob uma daquelas árvores, lembrou-se do sorriso das pessoas, das suas reações.

Ser pipoca? Isto é uma palhaçada! Então é isto!? Já que, falando, consigo fazer as pessoas sorrirem, a partir de hoje serei “A Palhaça Pipoca”!

Preparou então o circo. Afinal, as pessoas nem sabem o motivo de se comer pipoca no cinema! Que circo diferente! Pipoca contou várias histórias! Dentre elas, a história da Mãe do Ouro. No final de todas as apresentações, doou sementes para a criançada e explicou:

São sementes mágicas! Plante-as! Regue-as, com carinho todos os dias! Quando estiverem crescidinhas, quase do seu tamanho, você deverá doá-las.

Se são mágicas, qual o motivo para doá-las?

Aí está a magia... Faça e verá!

Eni assistia atentamente ao espetáculo. Plantou. Cuidou. Mais tarde, doou. Recebeu também outra plantinha. Um dia, precisou mudar de cidade para trabalhar. Comprou um apartamento na região do Prado, em Belo Horizonte. Fixou a arvorezinha defronte à sua casa. Cuidava dela todos os dias, apesar da correria diária.

                A árvore cresceu.

                Eni acostumou-se à aridez da cidade. Já não olhava mais nos olhos das outras pessoas enquanto falava, andava cabisbaixa, mal cumprimentava os outros. Respondia não mais por educação e, sim, por obrigação. Um dia, estava estafada. Seu olhar perdeu o viço, ficou sem brilho. Começou a folhear um livro.

 De repente, um vento assanhou as cortinas. Ela chegou até a janela para sentir melhor o frescor da brisa. Ficou perplexa! Começou a rir! A árvore estava coberta de flores...

 Num piscar de olhos, voltou à infância. Lembrou-se da história da Mãe do Ouro!

Hummmmm! Árvores de flores amarelas...

Lembrou-se de sua melhor amiga, aquela que um dia havia lhe presenteado com aquela plantinha, nascida das sementes que Pipoca espalhara... Procurou a amiga. Há muito não se comunicavam! Marcaram um encontro. Compartilharam lembranças, sonhos, experiências... Fizeram projetos! Relembraram a infância e as histórias... 

Enquanto olhavam para a reluzente copa dourada da árvore, quase desmaiaram... de tanto rir! Não viam sorvetes. Enxergaram cabeças e chapéus de palhaças. Aos milhares. E milhares... E sorriram!  

Seus corações encheram-se de alegria!

Sentiram uma Paz imensa! 

Suas faces ficaram iluminadas!

Uma sombra fresca aplacou o calor do asfalto. Recolheram as sementes para repassá-las aos amigos, tal qual elas receberam um dia.

Amizade!

Mãe do Ouro... 

Quanta sabedoria!  Mãe de todas as riquezas! 

Ser mãe também significa amar... E amar é cuidar! 

– Sim! Cuidar do meio ambiente é expressão de gratidão e forma de declarar o nosso amor por tudo e por todos!

Descobriram a magia!

Afinal de contas, onde estará Pipoca? Perguntam-se.

– Não importa! Vamos ajudar Pipoca a espalhar a Boa Nova!

Dizem que ela já percorreu o mundo várias vezes, doando seu carinho, seu cuidado e atenção, com seu jeitinho mineiro de ser, contando seus “causos”, propagando a história da Mãe do Ouro, permitindo que as pessoas possam fazer ressignificações das histórias e de suas vidas... Levou estas e outras sementes: por causa delas, amigas e amigos reencontraram-se e colhem juntos até morangos no deserto!

Uma semeadora incansável! Semeou. Semeou.  E semeou.

Dizem que ainda trabalha incessante para alcançar seu objetivo: um mundo onde todos são felizes!

 Para muitos, Pipoca tornou-se símbolo de diversão e de alegria: nas cidades, vê-se grande quantidade de verde, de parques... E flores de várias tonalidades! Sombra! Frescor! Inclusive, nas avenidas das grandes cidades!

E agora, em quase todas as ruas, árvores enfeitadas com flores-palhaças!

Onde já se viu?  

Dizem que pipoca ainda anda por aí e continua fazendo suas perguntas:

E você? Qual é o seu grande objetivo? Que tipo de sementes tem distribuído? Como está a sua cidade?

Por onde Pipoca andou deixou não somente a palavra, mas também a ação... Em cada canto, o mundo está ficando cada vez mais fraterno, mais amigo!

O mundo está cada vez mais verde! 

Ou será que Pipoca ainda não passou por aí?

 Ou vocês nunca leram ou ouviram a história “Pipoca e as sementes mágicas”, escrita há mais de uma década, na Primavera de 2004?

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Imagem: https://www.iconspng.com/image/32075/ip-amarelo



terça-feira, 8 de setembro de 2020

Um tempo que virá

Carmélia Cândida
Cadeira n.º 2



Contam de um novo mundo

Que está para chegar

De um tempo que virá
Após um período nebuloso
De dias e noites difíceis
Tudo vai passar

Voltarão os encontros
Risadas jogadas ao vento
Os abraços ternos e apertados
Conversas ao pé do ouvido
Beijos quentes e estalados

Nossos sentimentos
Estarão aprimorados
Os sentidos, mais aguçados
Os desejos, mais veementes

Será grande a fome de viver
De aproveitar cada momento
De sentir tudo intensamente
Recuperar o que foi perdido
De rezar, se rejubilar, agradecer

Um novo tempo para amar
Como nunca amamos antes
Para cuidar mais dos nossos afetos
E, da vida, sermos grandes amantes

De usar o que aprendemos
De dar mais valor ao que temos
De sermos pessoas melhores
Feridas, mas recuperadas
Mais unidas, menos ensimesmadas

Esse tempo vai chegar
Tenhamos serenidade, paciência
Acalmemos nossas aflições
Tenhamos um olhar de resiliência

Contam de um novo mundo
Um tempo que virá…

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Este poema foi escrito  para o concurso “Poemas para depois do amanhã”, que teve como proposta sonhar o futuro, idealizar o mundo que queremos construir quando a pandemia passar, visando despertar empatia e esperança no inconsciente coletivo.

sábado, 5 de setembro de 2020

Almas em conflito

Ailton José Ferreira
Cadeira n.º 7

Seria interessante se pudéssemos nesta vida terrena conseguir separar o nosso corpo físico do corpo espiritual em determinadas situações. Principalmente em certas ações e decisões que diz respeito à vida de milhões e até bilhões de pessoas. Pois digo isso porque para mim é impossível separarmos nossas mentes e corações do espírito que Deus nos deu. Acredito que são inseparáveis e o que temos guardado em nosso subconsciente, certamente é o nosso espírito ligado diretamente à nossa mente e, consequentemente, ao coração.

E muitos dizem que o coração não auxilia ou interfere nas decisões que o nosso cérebro toma e que isto é simplesmente simbolismo. Discordo dessas pessoas e não precisamos de estudos científicos para se chegar a esta conclusão, em minha opinião. Se tivermos o discernimento necessário e a paciência para entendermos a função de nossos órgãos, notaremos que o impacto sentimental que recebemos nesta vida, ficamos apreensivos ou não, as batidas do coração aceleram o ritmo e surgem então a agonia, a tristeza, a alegria e tantos outros que interferem no funcionamento do nosso organismo. É aí que eu me pergunto: se existisse somente o corpo físico, será que teríamos a sensibilidade e a razão para equilibrarmos os sentimentos que existem em nós?

O motivo pelo qual digo tudo isto é justamente por causa das ações e decisões que hoje no mundo são tomadas aleatoriamente sem pensar no próximo. Tudo que se faz atualmente é em prol do dinheiro, crescer infinitamente para se tornar cada vez mais poderoso. São os que dirigem e controlam financeiramente o nosso planeta. Usam dos artifícios necessários para controlarem tudo. E quando surge uma crise como a atual e, que já vem se arrastando por alguns anos parecendo não ter fim, nós, que nada temos haver com as decisões inconsequentes destas pessoas é que vamos “pagar o pato ou os patos”. Temos certeza absoluta que vamos superar mais esta irresponsabilidade de alguns, porque o homem tem uma capacidade tal que só Deus sabe as armas que temos em nossas mentes, pois Ele nos criou.

Mas estes alguns responsáveis por tudo isso estão com os seus espíritos em conflito, pois fazem conscientemente o que o inconsciente repudia, e por isso com a certeza com que Deus é o nosso Pai Eterno, corpo físico e espiritual não se entendem. Assim com a esperança que nunca pode morrer em nossas vidas, encerro a minha reflexão de hoje com uma oração que li, já há algum tempo, de Lucimara Trevisan, pois devemos manter sempre a nossa alma em harmonia com o nosso corpo, e se o conflito aparecer devemos escutar a razão que vem lá do fundo do nosso subconsciente, pois ali com certeza, mora o espírito que Deus plantou em nossa mente:

“Pai Querido, às vezes nos perdemos, nos esquecemos de teu amor. Usamos palavras vazias para falar de ti;
Falamos como doutores a teu respeito e nem sabemos decifrar nosso próprio coração...
Perdoa nosso palavreado vazio de intimidade, nossas certezas a teu respeito, nossa auto-suficiência...
Ajuda-nos a experimentar, em nossa própria vida, tua graça redentora, teu amor insondável e a falar de ti, como quem murmura de saudade...
Abençoa nossos trabalhos, nossa caminhada, nossa vida...
Faze-nos homens e mulheres do Espírito, pessoas que cultivam a profundidade de todas as coisas e vivem em permanente referência a ti,
Mistério Infinito...
Amém!”

QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!

terça-feira, 1 de setembro de 2020

MEMÓRIAS DA ALPM: Quando entrar setembro...


A Academia de Letras de Pará de Minas tem publicado uma coletânea em formato de jornal, chamada "Cadernos Literários" para difusão dos trabalhos de seus integrantes. A edição de setembro de 2015 teve como tema "Quando entrar setembro...". Baixe AQUI o fac-símile desta edição.