sábado, 28 de julho de 2012

VISÕES

Márcio Simeone
Cadeira n.º 8


No fundo dos teus olhos vi tristeza,
sofrer calmo, sem lamentos.
Em teu sorriso, leve e terno,
fulgor áureo, sentimentos
de paz, de céu, de descanso.
Vi no teu rosto clareza.
Revelam teus olhos atentos
mistérios que não alcanço.
Em tua mente vi força de mil pensamentos
que saem pelas mãos, com destreza.
Vi na tua vida nobreza,
de um agir justo e fraterno,
encanto, ilusão, alegria.
Em tua alma vi beleza,
visões de infinito, magia.
No teu coração vi pureza,
o sagrado, o profano, o eterno,
águas imensas, remanso.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sobre o falecimento do acadêmico Márcio Meireles



Morre o escritor Márcio Mendonça Meireles

(Luiz David)
           
         Faleceu no dia  25 de junho e foi sepultado às 14 horas do dia 26,  no cemitério municipal de Pará de Minas, o escritor Márcio Mendonça Meireles. Tinha oitenta e oito anos. Seus pais foram o promotor de Justiça Carlos Meireles e a professora Izaltina Cecilio Mendonça. Deixa duas filhas: Márcia e Monalisa e um filho, Romero. Sobrevive-lhe o único irmão, o Juiz de Direito aposentado, Morel Mendonça Meireles, que reside em Itaúna. Foi funcionário público estadual e trabalhou por mais de vinte anos como consultor do Tribunal de Contas do Estado. Advogado e jornalista, trabalhou no “Minas Gerais”, o diário oficial do governo estadual e em outros jornais de Belo Horizonte. Em Pará de Minas colaborou com os extintos “Jornal Independente,” Jornal Paraense e também com a Gazeta Paraminense, onde escreveu por muitos anos a coluna policial. Um dos mais importantes escritores de Pará de Minas, era membro da Academia de Letras de Pará de Minas, cadeira número quatro, que tinha como madrinha a mestra Orozina Cecilio Mendonça, sua tia. Escreveu quatro livros, um deles ainda inédito, de poesias. Autor da mais completa biografia do padre Libério Rodrigues Moreira (1884 – 1980). A obra sobre Padre Libério somente foi publicada depois do falecimento do cônego Gabriel Hugo Bittencourt, ocorrida no ano de 2002. Márcio Meireles temia que algumas passagens do livro pudessem causar algum tipo de desgosto no antigo vigário de Pará de Minas.     Seu livro mais famoso foi “A Mansão da Rua do Ouro” um romance baseado em fatos reais, vividos por personagens com nomes fictícios, que o autor nunca quis identificar. Com a morte de Márcio Mendonça Meireles a cultura do Pará de Minas fica mais pobre, especialmente o meio literário.

Adélia Salles e Márcio Meireles em reunião da ALPM- abril/2012

domingo, 15 de julho de 2012

QUASE SER

Márcio Simeone
Cadeira n.º 8

Muito na vida não sou,
sou quase.
Em vias de vir a ser:
projeto.
Às vezes sou mais, às vezes menos:
inquieto.
Nem isso, nem aquilo,
sou muito de nada, um pouco de tudo:
incerto.
Sou gente: quase pronto,
sempre incompleto.

Bom ser quase, para ser qualquer,
livro aberto.
Melhor ser quase, pra ser alguém
liberto.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Você não tem nada de tamanho grande aí no estoque?


Peguei esta crônica da Hila Flávia no blog do Luiz David. Achei ela bonita demais!

Flávio Marcus


Minha amiga trabalha em um brechó, como voluntária.

Certo dia adentrou na loja uma certa senhora bastante obesa, e de cara a minha amiga pensou que não tinha nada na loja na numeração dela. Se sentiu apreensiva e constrangida naquela situação, vendo a senhora percorrer as araras em busca de algo que minha amiga sabia que ela não encontraria.

Ficou angustiada, porque não queria que a senhora se sentisse mal pelo tamanho das peças de roupas, se sentindo excluída e fazendo a questão sobre o seu sobrepeso vir à tona de forma implícita.

Naquele momento minha amiga orou a Deus e pediu que lhe desse sabedoria para conduzir a situação evitando que a cliente se sentisse excluída ou humilhada na sua autoestima.

Foi quando o esperado aconteceu. A senhora se dirigiu à minha amiga e disse tristinha:

“É.. não tem nada grande, não é?

E a minha amiga, sem até aquele momento saber o que diria, simplesmente abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu:

“Quem disse??? Claro que tem!! Olha só o tamanho desse abraço! - E a abraçou com muito carinho.

A senhora então se entregou àquele abraço acolhedor e deixou-se tomar pelas lágrimas exclamando:

“Há quanto tempo que ninguém me dava um abraço.”

E chorando, tal qual uma criança a procura de um colo, lhe disse:

“Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava”.

E naquele momento, através dos braços calorosos de minha amiga, Deus afagou a alma daquela criatura, tão carente de amor e de carinho.

Quantas almas não se encontram também tão necessitadas de um simples abraço, de uma palavra de carinho, de um gesto de amor.

Será que dentro de nós, se procurarmos no nosso baú, lá nas prateleiras da nossa alma, no estoque do nosso coração, também não acharemos algo “grande” que sirva para alguém?

Hila Flávia