Carmélia Cândida
Cadeira n.º 2
Era Antônia Luzia
Lavava, passava
Cozinhava, limpava
Acordava antes de todos
Para preparar o café
O dia todo
Corria pra lá e pra cá
Os filhos estudavam
Não podiam “ajudar”
O marido era daqueles
“Serviço de casa,
Coisa de mulher”
Tudo ela aceitava
Só para ver
A família em harmonia
Depois das refeições
Todos em seus quartos
Para descansar
E Antônia Luzia
Se acabando na cozinha
Tinha que correr à padaria
Na hora de pegar pão quente
Comida fresca todo dia
Se ia se ausentar
Precisava preparar
Tudo de que iam precisar
Mas ela dava conta
E até orgulhava-se de si
Os filhos em primeiro lugar
E já estavam na faculdade!
Foi, aos poucos, se esquecendo
Quem tinha sido um dia
Há muito já não luzia
Foi ficando só Antônia
A cada dia mais cansada
Mais estressada, mais apagada
Mas iria assim até o fim
Era boa mãe, boa esposa
E a vida seu rumo seguia
Antônia, em vida, jazia
E ninguém percebia
Muito bom o seu poema, Carmélia! E verdadeiro! Quem não conhece uma Antônia Luzia que deixou de luzir?? Conheço várias que há muito não luzem, que se calam e jazem. Bj, Regina Maria
ResponderExcluirVerdade, Regina. Elas são muitas, infelizmente.
ExcluirObrigada pela atenção.
Bj
Carmélia Cândida
Emocionante!
ResponderExcluirInfelizmente, dá para ver exércitos e mais exércitos de Antônias Luzias, sem brilho, despercebidas, por aqui: presenças notáveis apenas quando os trabalhos falham...
Eta mundo!
Que isso ainda possa mudar, não é mesmo?
ExcluirObrigada pela atenção, Conceição.
Grande abraço.