Em 1980, Elis
Regina cantou “alô alô marciano, aqui quem fala é da terra, pra variar, estamos
em guerra”. E quarenta e cinco anos depois, ainda disparamos metralhadoras. Na
inocência da juventude, muitos, como eu, imaginavam que guerras seriam meros
enredos de filmes e livros, mas que não cometeríamos os mesmos erros dos
séculos passados. Içami Tiba nos ensinou que o aprendizado reside na correção
do erro, não na sua repetição. Contudo, parece que as lições da 2ª Guerra foram
em vão. Atualmente, testemunhamos a escalada das tensões com Israel
bombardeando hospitais na Palestina e atacando o Irã, que, por sua vez, revida
contra Israel e bases americanas no Catar. Enquanto isso, a Rússia mantém seus
ataques a escolas na Ucrânia, elevando a ameaça de um conflito nuclear com a
OTAN. O Instituto Humanitas Unisinos revela um dado alarmante: cerca de um
trilhão de dólares são investidos na produção de armas e manutenção de
exércitos. Mas ao redor do mundo, milhares de pessoas morrem de fome e de
doenças que seriam facilmente tratadas com a tecnologia que temos. O dinheiro
que poderia salvar vidas, é gasto com bombas e mísseis que destroem hospitais, escolas
e igrejas. Como advertiu Yuval Harari, antigamente as pessoas morriam de fome
por questões climáticas ou desastres naturais, mas hoje elas morrem de fome por
falta de interesse político. Apesar do cenário sombrio, mantenho a esperança,
ecoando a mensagem de Renato Russo: "a humanidade é desumana, mas ainda
temos chance; sol nasce pra todos, só não sabe quem não quer." O otimismo
resiste na capacidade de corrigirmos nossos erros e construirmos um futuro que
não repita o passado.
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Texto
originalmente publicado no Jornal Informativo Tribuna do Jequitinhonha, edição
286, pg. 2, junho de 2025
Imagem extraída e adaptada de https://pngtree.com/
O estudo da História Regional é um grande desafio. Primeiro é porque
os grandes institutos de pesquisa, cursos de Formação de História, ou
ainda formação de Pesquisadores Sociais, não se preocupam com aspectos
específicos da história local. Geralmente estes grupos ou instituições
querem compreender os aspectos "macros" dos acontecimentos históricos.
Aqueles aspectos que são explicadores gerais, que de certa forma
consegue explicar determinadas tendências ou escolhas históricas que
afetaram a nossa trajetória histórica. Assim estudamos história geral,
ou história nacional (História do Brasil) e dentro deste campo estudamos
determinados seguimentos como religião, economia, relações sociais,
aspectos políticos, etc. Quase sempre estes seguimentos trazem
contribuições no sentido de compreender os acontecimentos, ou tendências
gerais da história nacional. E, por isso, quase sempre não temos obras
de pesquisadores sobre a história regional, ou a história de uma cidade.
Outro
ponto importante é o fato de uma documentação minimamente organizada
para que se possa realizar uma pesquisa que consiga informações
suficientes para se construir uma história que realmente faça sentido.
Os órgãos públicos (fórum, cartórios, Igrejas, Prefeituras, Câmaras de
vereadores e instituições culturais) possuem um acervo documental
minimamente organizado e disponíveis para a realização de uma pesquisa. E
quase sempre a documentação destas instituições públicas ou privadas
tem a necessidade de serem confrontadas com informações de particulares,
o que torna ainda mais difícil a pesquisa. É muito comum, assim que uma
pessoa falece, descartar todo o material referente a sua existência. E
com isso muitas informações úteis para a construção de uma narrativa
história é perdida em definitivo, cabendo ao historiador se basear
unicamente em depoimentos orais de pessoas que viveram um determinado
acontecimento ou momento. Isso requer tempo, investimento, recursos
técnicos e domínio de conhecimentos metodológicos para se construir uma
história minimamente confiável e que dialogue com a realidade local ou
ainda regional.
É diante desta realidade que a organização de um
acervo documental em cada cidade de uma determinada região torna-se
fundamental e muito importante. Nesse sentido, o que o "Projeto
Mesopotâmia Mineira" realizou em Pará de Minas, entre os anos de 2001 e
2006, ganha importância. Este projeto, desenvolvido na época pelo curso
de História da Faculdade de Pará de Minas - FAPAM, sob minha
coordenação, contou com a participação de 20 alunos. E nos seis (6) anos
de muito trabalho, com participação parcial de alguns alunos, mas com
dedicação de um núcleo de estudantes e professores, foi possível
organizar o Acervo de Documentos cartoriais que hoje se encontra
disponível para a pesquisa no Museu Histórico de Pará de Minas.
Trata-se
de um acervo de documentos cartoriais compostos de Inventários, divisão
de bens, processos crime, divisão de terras, ações de liberdade, ações
sumárias, e outros tipos de documentos, em sua maioria manuscritos. Este
acervo abrange o período da segunda metade do século XIX (1850...) e
primeira metade do século XX (anteriores a 1950), que estão a espera de
olhares curiosos que possam buscar informações e construir uma história
que nos ajude a compreender o desenvolvimento econômico, social,
político e cultural desta região.
Para exemplificar a riqueza
deste acervo, segue abaixo um podcast sobre um dos documentos deste
acervo. Trata-se de uma Ação de Liberdade datada de 1886. Ouça o Podcast
e visite o acervo do Museu de Pará de Minas. Conheça esta história!
Vale a pena.
A 11ª edição da Paraliteratura de Pará de Minas acontecerá de 15 a 18 de maio. Promovida pela Secretaria Municipal de Cultura e Comunicação Institucional da Prefeitura de Pará de Minas, contará, como sempre, com o apoio e a participação da Academia de Letras de Pará de Minas. Além da tradicional feira de livros na Praça Torquato de Almeida, terá atividades realizadas em vários espaços culturais e escolas como lançamentos literários, bate-papos com autores, contação de histórias para crianças, espetáculo teatral e outras atividades na praça. A ALPM terá um estande na feira de livros, onde o público poderá ter contato com acadêmicos e suas obras. A feira estará aberta nos dias 15 e 16 (quinta e sexta-feira) das 8 às 18 horas e nos dias 17 e 18 (sábado e domingo) das 8 às 14h. O encerramento, na manhã de domingo, será com o 19.º Encontro de Bandas.
No próximo dia 17 de maio, os acadêmicos Carmélia Cândida e José Roberto Pereira, ocupantes das
cadeiras nº 2 e 12 da Academia de Letras de Pará de Minas, chegam a Belo Horizonte
para o lançamento conjunto de suas novas obras literárias.
São duas histórias, dois autores e uma mesma paixão:
emocionar, inspirar e semear afeto por meio da literatura infantojuvenil:
Quando quem somos se vai – Dona
Lucinha e o fio da memória, de Carmélia Cândida, é inspirado em memórias reais.
Narra a amizade entre Dona Lucinha e quatro crianças no interior de Minas. Com
ilustrações de Edna Morato, a obra fala sobre afeto, convivência entre gerações
e os desafios diante da perda de quem somos
O
Dia das Mães na Floresta, de José Roberto Pereira, nos apresenta Tutinha, uma cigarra distraída
que esquece de preparar um presente para sua mãe. Entre amigos aflitos e
escolhas precipitadas, a obra traz um enredo encantador. Com ilustrações
vibrantes de Beatriz Valdez, é uma fábula que celebra a amizade, o amor e a
importância da união para superar desafios e alcançar objetivos.
A sessão de autógrafos será das 15h às 17h do dia 17/05, na Galeria Sete - Av. Olegário Maciel, 724 – Mercado Novo, Corredor I, lojas 3167/3168, em Belo Horizonte.