terça-feira, 15 de julho de 2025

Eu vejo o futuro repetir o passado

Francisco Vilas Boas
Cadeira n.º 20
 

Em 1980, Elis Regina cantou “alô alô marciano, aqui quem fala é da terra, pra variar, estamos em guerra”. E quarenta e cinco anos depois, ainda disparamos metralhadoras. Na inocência da juventude, muitos, como eu, imaginavam que guerras seriam meros enredos de filmes e livros, mas que não cometeríamos os mesmos erros dos séculos passados. Içami Tiba nos ensinou que o aprendizado reside na correção do erro, não na sua repetição. Contudo, parece que as lições da 2ª Guerra foram em vão. Atualmente, testemunhamos a escalada das tensões com Israel bombardeando hospitais na Palestina e atacando o Irã, que, por sua vez, revida contra Israel e bases americanas no Catar. Enquanto isso, a Rússia mantém seus ataques a escolas na Ucrânia, elevando a ameaça de um conflito nuclear com a OTAN. O Instituto Humanitas Unisinos revela um dado alarmante: cerca de um trilhão de dólares são investidos na produção de armas e manutenção de exércitos. Mas ao redor do mundo, milhares de pessoas morrem de fome e de doenças que seriam facilmente tratadas com a tecnologia que temos. O dinheiro que poderia salvar vidas, é gasto com bombas e mísseis que destroem hospitais, escolas e igrejas. Como advertiu Yuval Harari, antigamente as pessoas morriam de fome por questões climáticas ou desastres naturais, mas hoje elas morrem de fome por falta de interesse político. Apesar do cenário sombrio, mantenho a esperança, ecoando a mensagem de Renato Russo: "a humanidade é desumana, mas ainda temos chance; sol nasce pra todos, só não sabe quem não quer." O otimismo resiste na capacidade de corrigirmos nossos erros e construirmos um futuro que não repita o passado.

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Texto originalmente publicado no Jornal Informativo Tribuna do Jequitinhonha, edição 286, pg. 2, junho de 2025

Imagem extraída e adaptada de https://pngtree.com/ 

 

 

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