Num dia triste e feliz,
de inteira presença no agora,
encontrei a criança que fui.
E encontrei-a assim,
espantada e agradecida,
por entender naquela hora
que nada além dela eu buscava.
Mas foi longa a estrada,
levou tempo e descaminho,
pois, quando adolesci,
achava que o sentido era pra fora e longe,
que teria de seguir percurso de ida sem volta,
bem distante do lugar em que me achava.
E não é que o próprio caminho
encontrou jeito de mostrar
que a ida era também volta,
retorno ao ponto de partida?
Que estranho trajeto! Que intensa procura!
Fui eu que retornei pra encontrar a menina
ou foi ela quem veio me buscar?
Que importa?!
Com ela aprendo um jeito novo de ser,
feito de desaprender formatos e padrões.
Dou-lhe colo, afeto e escuta,
canto-lhe suave canção.
Desde então, seguimos de mãos dadas.
Perdemos o tempo marcado
no sabor do tempo oportuno.
No exato ponto em que me encontro,
já vislumbro a anciã que chega.
Que ela venha sem pressa e…
sem medo de ser feliz!
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