quinta-feira, 20 de março de 2025

Academia promove Sarau Vozes Poéticas

O Sarau Vozes Poéticas é um espaço de partilha e expressão artística promovido pela Academia de Letras de Pará de Minas. A sexta edição será no dia 25 de março, terça-feira, às 19:30h na sede da ALPM - Centro Literário Pedro Nestor, Rua Benedito Valadares, 183, Centro. Esta edição especial faz parte da programação do Mês das Mulheres, promovido pela Associação Empresarial de Pará de Minas – Ascipam, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de Pará de Minas.

O tema é "Força de Mulher, Força da Palavra". A ideia é que os participantes apresentem textos e composições de autoria feminina ou que tenham a mulher como temática central. O Sarau Livre Vozes Poéticas é um ambiente acolhedor e aberto a todas as manifestações artísticas. Os participantes podem ler, declamar, cantar, contar histórias ou apenas apreciar. As apresentações devem ser breves, no máximo de 5 minutos, para dar espaço a mais vozes. O encerramento será com um café para confraternização.

Para entrada, o ingresso deve ser retirado no Teatro Municipal Geraldina Campos de Almeida levando um kit de higiene pessoal (1 absorvente, 1 shampoo e 1 sabonete).
 

sexta-feira, 7 de março de 2025

Escritor José Roberto Pereira, da ALPM, fará lançamento de seu novo livro: "O Dia das Mães na Floresta"

O escritor José Roberto Pereira, cadeira n.º 12 da Academia de Letras de Pará de Minas, lançará, no próximo dia 13 de março na sede da ALPM, o nono livro de sua carreira literária. Trata-se da obra infantil O Dia das Mães na Floresta, editada pela Editora Mosaico.  


Para crianças de todas as idades, O Dia das Mães na Floresta traz, em suas entrelinhas, o afeto, um sentimento essencial diante das guerras entre nações, dos conflitos entre pessoas, grupos religiosos, etnias e nacionalidades e da crescente indiferença com a causa ambiental. Uma fábula que celebra a amizade, o amor ao próximo, a convivência entre espécies diferentes, a inocência, a alegria na primeira fase da vida e a importância da união para superar desafios e alcançar objetivos.

A história se desenvolve em torno de uma cigarra, Tutinha, que passa seu tempo cantando e não se preocupou, como os demais bichos da floresta, em encontrar um presente para sua mãe no Dia das Mães. Seus amigos, ansiosos para escolher um mimo especial, acabam optando por presentes perecíveis e efêmeros, que desaparecem antes da data festiva, deixando todos aflitos. Como essa história terminará? Somente a leitura de O Dia das Mães na Floresta poderá revelar as pistas para um desfecho surpreendente.

 A literatura desempenha um papel fundamental na formação das crianças, lapida e amplia os conhecimentos de adultos em qualquer fase da vida, sendo uma ferramenta essencial na educação. A leitura estimula a imaginação e desenvolve habilidades linguísticas, cognitivas e sociais. Ao se deparar com histórias, a criança aprende a expressar emoções, a compreender diferentes perspectivas e construir empatia. Livros como O Dia das Mães na Floresta podem ser utilizados por educadores para abordar temas como a valorização da família, o respeito à natureza, ao próximo, aos sonhos, às amizades e às relações afetivas. A leitura em voz alta, por exemplo, pode criar momentos de conexão entre pais e filhos, estudantes e professores, avós e netos, fortalecendo laços e enraizando o hábito da leitura.

As ilustrações, mesclando traços da arte africana e mineira, foram criadas pela artista angolana Beatriz Valdez, a quem Pereira dedica a obra. Em cada página, o leitor irá se deleitar com imagens coloridas e ricas em detalhes – um trabalho artístico que eleva O Dia das Mães na Floresta a uma edição valiosa para qualquer apreciador de livros e para os profissionais envolvidos em sua produção. Também compõem a ficha técnica: Marriene Freitas (coordenação editorial), Carmélia Cândida (revisão de texto), Vanessa Malheiros (design de capa e diagramação) e Ricardo Rodrigues (edição de partitura e cifras da música composta por José Roberto Pereira para a história).

O primeiro lançamento ocorreu no projeto social Bola de Gude (rua Padre Zanor, 83, bairro Dom Bosco, Pará de Minas, MG) na tarde do dia 26/2/25. Na ocasião, José Roberto Pereira compartilhou seu encantamento pela literatura e sua crença de que cada história tem o poder de transformar vidas. "Espero que O Dia das Mães na Floresta inspire as pessoas a sonhar e a valorizar os diversos momentos da vida, dos mais simples aos mais intensos", afirmou o escritor, que também realizou uma sessão de autógrafos e interagiu com os leitores. O evento ainda contou com a interprete de libras, Elisiane Eny de Oliveira.

“O Dia das Mães na Floresta” foi uma obra viabilizada por meio da Lei Paulo Gustavo, MG, Edital LPG 08/2023 – Territórios e Paisagens Culturais, da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Pode ser adquirido na rede social do escritor (@joseroberttoo) ou no site da Editora Mosaico (https://www.mosaicoeditorial.com.br).


O lançamento será no dia 13/3, às 19h, na sede da Academia de Letras de Pará de Minas (Centro Literário Pedro Nestor, situado na rua Benedito Valadares, 183, centro, Pará de Minas), quando o escritor fará uma sessão de autógrafos e uma contação de histórias, com entrada franca.


 

quinta-feira, 6 de março de 2025

Quarta edição do projeto "Lugar de Fala e Representatividade" será realizada na sede da Academia de Letras de Pará de Minas


No dia 11 de março, às 19:30h, a Academia de Letras de Pará de Minas recebe a 4ª edição do projeto "Lugar de Fala e Representatividade", promovido pelo Grupo Reflexivamente.

Nesta edição, o evento propõe um diálogo sobre a produção literária feminina no passado e na contemporaneidade, celebrando os 250 anos de Jane Austen. A programação conta com uma mesa-redonda com as escritoras Terezinha Pereira, Idelvais Alves e Elma Leite, além da participação especial de Alexandra Maria. Para enriquecer ainda mais o encontro, as apresentações artísticas ficam por conta do grupo Cantadeiras do Engenho e da contadora de histórias Marcilene Tavares.

 

 

Coordenado pela psicóloga Naliene Clemente, o Reflexivamente é um grupo de estudos sobre gênero e questões que envolvem o universo da mulher. Seu propósito é fortalecer o poder de ação, voz e participação das mulheres, promovendo espaços de fala e eventos voltados à temática do feminino.

 A Academia de Letras de Pará de Minas, como espaço de valorização da cultura e da literatura, tem a alegria de apoiar essa iniciativa, reafirmando seu compromisso com a promoção do conhecimento e da diversidade.

O evento é gratuito, na Sede da ALPM à Rua Benedito Valadares, 183 – Centro, Pará de Minas.

 

Transcendência

Conceição Cruz
Cadeira n.º 4
 
 
 

 

Presença Amiga

capaz de calar a dor d’alma,

de suscitar respostas no silêncio,

a reconectar-nos ao Verdadeiro Amor e àquele

de quem já vive em outro mundo!

 

Carregada de abraço

- aconchegante tal qual o seu útero -

cheia de ternura, sem palavras, 

forte pela doçura dos suspiros.

 

Presença que nos eleva aos Céus

e nos faz adormecer

com a certeza da existência

dos Anjos também aqui na Terra.

 

Tão serena, apta a

reconstruir o nosso silencioso coração ...

 

Tão marcante a valer por tantas

e tantas outras   eternizadas

no lado esquerdo do peito.

 

Não traz nem ouro

nem prata!


 

Apenas

um abraço!

 

Onde os nossos corações,

fisicamente, próximos

comungam da mesma emoção!

 

Presença amiga

a nos amparar na via crucis,

a trazer a certeza: mais que os anos

 - e dentre deles - valem mesmo os acolhedores minutos

 eternizados nas frações de cada instante!

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AGRADECIMENTO

Neste momento de transcendência, agradecemos todas as manifestações de tantos corações amigos!

Benditos sejam os amigos!

Benditas sejam as famílias!

Benditos sejam os tons mágicos 

de laranja que,

independente dos fatos

- alegres ou tristes -

trazem-nos de novo

à vida!

A VIDA É UM ESTADO DE IMPERMANÊNCIA!

E ponto final.

Avante!

Conceição Cruz e Família


 


domingo, 2 de março de 2025

Carnaval ou carnavais?

Geraldo Phonteboa
Cadeira n.º 14


Os carnavais de outros tempos possuíam as marcas e os jeitos de seu próprio tempo. Como eu não sou mais das folias de momo de hoje, – embora  cheio de saudade dos blocos das décadas de 1980,  trago na memória os blocos onde já brinquei meus carnavais: Os “Cuecões”, os “Castores”, o “Sai da reta”, a “Banda suja” e o tradicional “Pau de Gaiola” (que ainda hoje, faz a festa do Momo do povão itaunense), do “Bloco do Eu sozinho”, de Newton Regal...

Hoje tenho o meu samba marcado por outras cadências: a cadência de um pagode de saudosa memória. Assim como os primeiros trios-elétricos que disputou a atenção dos carnavais itaunenses, na década de 1990, como “All face” que, pouco a pouco, foi esvaziando as escolas de samba desta terrinha (o Zulu, o Império da Vila, a Unidos da Ponte...), outros grupos foram surgindo em cada carnaval, velhas guardas foram aparecendo nos carnavais itaunense, alguns apareciam em um ano, e depois sumiam nos intervalos de um ano para o outro. E assim o carnaval foi se reinventando...  E, como tudo na vida, ganhou novas configurações, novos centros de atenção, novos modos de se fazer e refazer...

E é neste “ritmo da saudade”, “neste pagode da memória” que trago para você, caro leitor, um relato trágico e de humor sofisticado de um escritor das antigas, Péricles Gomide Júnior, o nosso “Pancrácio Fidelis”. Sua crônica, publicada no ano de 1952, no jornal “Fôlha do Oeste”, revela características do carnaval daquele tempo. Claro que é apenas um relato, que deve ser sempre permeado pela crítica, pela ironia e pelo humor, próprio deste contador de histórias que foi “Pancrácio Fidelis”. Apreciem!   

O carnaval que passou

(“Fôlha do Oeste de 20-3-952)

O carnaval foi abafante, apesar do desânimo do povo, nas vésperas. Houve, na descrição do Orlando, muita animação, muta fantasia bonita, muito entusiasmo, muto pescoção, muto lança-perfume, muta pancadaria, muito confeti.

Gente boa, como o Chichico Saldanha e outros do mesmo time, passaram a noite na fila do Automóvel Clube, para assegurar as mesas para os festejos de Mômo.

O itaúnense é, indubitàvelmente, o único no gênero: passar a noite acordado, para garantir quatro noites sem dormir!

Houve alguns sururus, pescoçõezinhos meio avultados, o que não constituiu novidade, uma vez que nos anos anteriores, também o pau comeu.

Geralmente, em todas as outras cidades do Brasil, na quarta-feira de cinzas, os foliões dão o balanço: – “Perdi meu relógio”, – “Perdi minha abotoadura de ouro” – “Perdi minha carteira ...”

O balanço do itaúnense, como não podia deixar de ser, é inteiramente diferente: - “Perdi dois dentes. Um, eu sei que engoli, mas e o outro?” – “Entortei meu rôte...” – “deslocaram meu queixo...” – “Me acertaram todos os dois olhos...” etc. etc.

Ainda, no terceiro dia de carnaval, no Automóvel Clube, quando o tempo fechou, um senhor já entrado em anos, ao ver seu parente nas garras de outro, resolveu entrar na briga. Arregaçou as mangas, encheu o peito e entrou. Entrou de cara num punho fechado e retrocedeu cuspindo dentes, saliva, praga e nome feio. A turma do “deixa disso” arrelhou o bicho e o levou para baixo. Lá, o velhinho virou onça: – “ Me larguem! Isso não pode ficar assim! Preciso voltar lá em cima imediatamente! Me solta!” E fazia tremendos esforços para se desvencilhar.

– “O senhor já brigou muito hoje, chega. Não volta lá mais não; fique calmo, sossegue; o senhor não pode brigar mais!”

– “Eu não quero brigar mais não!” – berrou ele com toda a força dos seus pulmões – “Quero é ir buscar minha dentadura, antes que eles pisem nela!”.

 

GOMIDE JÚNIOR, Péricles. Crônicas e Narrativas de Pancrácio Fidelis. Gráfica Santa Maria: Belo Horizonte, 1961, p. 75-76.


 

 

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