segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dia de Santo Antônio

Cheiro de alecrim lembra missa
em data especial,
sinos,
velas,
coroação de Santo Antônio,
dona Hilda cantando
lírios
em louvor
ao venerado
casamenteiro português.

Em Lisboa,
sua casa
de pedra
fria (morada pobre,
humilde,
onde o papa se ajoelhou
no chão
e até eu, que não sou de santos,
indefeso,
chorei)

 – no dia dele,
sua casa
é o mundo.

Lisboa se ilumina
para vê-lo passar
em procissão,
conduzido no balanço
de mãos trêmulas
pelas ruas estreitas
do bairro velho,
até a igreja setecentista,
no morro,
construída por devotos
ainda assustados
com o terrível terremoto
de 1755.

Cheiro de alecrim lembra
Dia de Santo Antônio...

E hoje,
na roça,
fim de tarde,
eu e meu filho de três anos,
no canteiro de ervas do avô,
amassamos dois raminhos com as mãos
e cheiramos.

O menino fez “Hummmm”,
e saiu correndo
para brincar.

Eu,
com minha bagagem
de idas
e vindas,
olhei para o alto
e senti
o passado
vindo
com a força
de uma enorme enxurrada.

No céu
um jato
atravessava
o
pôr
do
sol
com
sua
cauda
cor
de
rosa.

Flávio Marcus da Silva - Cadeira n.º 01

Foto: Igreja de Santo Antônio, em Lisboa

Um comentário:

  1. Flávio, muito lindo. Emocionei-me. Também estive lá, naquele "quartinho" onde esteve o papa.
    Na saída, fiquei conversando com algumas mulheres na sacristia.
    Soube de muitas simpatias que as moças fazem para arrumar marido. isto, foi em novembro passado. Ficou tudo bloqueado. Só me lembrei nas véspera de Santo Antônio. Vai entender de nossa lembranças...
    Você se lembrou do alecrim.
    Abraço,
    TT

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