Malluh PraxedesCadeira n.º 19
Dia 23 de dezembro, 10h35. O táxi que chamei pelo aplicativo acabou de chegar. Ao abrir a porta, percebo duas moedas no banco de trás: - Que sorte a minha: dinheiro me esperando no seu carro, moço! O taxista olhou para mim e recolheu as tais moedas… quando percebi que uma bolsa tipo necessaire também estava pousada no carro.
O taxista: - Ih! Já sei! Deve ser do senhor que acabei de deixar aqui na Serra. Você está com pressa? Eu disse que não. Então vamos até lá, é aqui pertinho!
E eu pedi: - Moço: me dá a carteira para eu ver se tem algum documento. Quem sabe descobrimos quem é o dono?
Ele abriu e pudemos ver uma quantidade enorme de notas de 50,00 e um comprovante de depósito da Caixa Econômica Federal. Lá estava escrito: - Favorecido: Lamartine etc e tal. Perguntei: - É de um senhor mais velho? (Aqui, imaginando que Lamartine só pode ser uma homenagem ao grande compositor). É sim! Deve regular comigo., tenho 74 anos! Gente muito fina. Me deu até gorjeta!
E lá fomos nós, entra aqui sobe ali, vira à esquerda, sobe à direita. Chegamos. Ele fica feliz porque havia um moço tocando a campainha naquele exato momento: - Ô moço aí é a casa do Sr. Lamartine? O cara fez que sim. Chama ele por favor! Estou com passageira no carro! Nisso surge uma senhora apavorada: - Ele pegou um táxi e foi atrás de um taxista. Ele deixou a carteira dentro de um outro táxi! A senhora sabe se ele foi no ponto da Serra? Ela confirmou. Ele continuou: - Essa moça aqui encontrou a carteira dele aqui no banco de trás! A mulher veio correndo: - Nossa! Vou ligar para ele! Que maravilha! Muito obrigada!
Saímos de lá e viemos conversando: - Nossa! Imagina a alegria que ele vai ficar! Se o senhor não se lembrasse dele, como é que seria? Não, moça, estou impressionado com a sua honestidade. Imagina: a senhora podia ter encontrado a carteira, ter aberto, olhado a dinheirama que tem ali, e ficado bem quietinha e colocado na sua bolsa, que eu jamais ficaria sabendo!!! Como você é correta! Eu também podia ter pego e falado: - Ah! Sei quem é, depois vou entregar para ele... e ter feito a mesma coisa: guardado o dinheiro para mim. E olha que eu estou precisando muito!!!
E nossa conversa foi tanta que nem me lembrei de falar para onde estava indo. Passeamos um bocado pela Savassi.
Quando chegamos ao meu destino, eu estava eufórica. Ele me agradeceu: - Estou muito feliz com a sua honestidade. Raridade hoje em dia. Feliz Natal!
Obrigada papai Sylvio e mamãe Noêmia! Aprender com vocês me fez sentir o quanto é bom a gente ter respeito pelo outro, pelo que pertence ao outro.
E, com certeza, o Natal do Sr. Lamartine vai ser bem melhor!
Lembrei-me do dito popular: "a ocasião REVELA o ladrao" ao qual eu acrescento: os honestos NÃO sentem a mínima tentação, mas o forte dever de restituir a outrem o que pertence!
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