Há algum tempo atrás, li um artigo num jornal de Belo Horizonte do escritor Emanuel Medeiros Vieira, intitulado “Por que escrevemos?”, e achei interessante transcrevê-lo para vocês. Pois se trata do verdadeiro sentimento que nós, que amamos a Literatura, temos pelas palavras, que saem do nosso coração como uma explosão que estremece tudo e todos quando tocados. Não poderia ter sido mais feliz esse escritor que nos presenteia com estas palavras marcantes, nos fazendo aumentar mais ainda a vontade de continuarmos escrevendo. E, quem sabe, podendo ser parte de um mundo melhor. Portanto, transcrevo um pedaço da alma de um verdadeiro escritor apaixonado pelas palavras:
“Começamos escrevendo para
viver e acabamos escrevendo para não morrer. Para quem edifica palavras mal
rompe a aurora, escrever é inadiável e urgente, mesmo que nada externamente nos
obrigue a isso. Mas a necessidade interna é visceral, orgânica, chama e fogo,
flecha, algo colado à pele.
Não conseguimos escapar desse
apelo. Escrevemos para perdurar, para vencer a poeira do tempo, para despistar
a morte, para regar nossos fantasmas e, (por que não?) para amar e ser amado. A
literatura é o refúgio da sinceridade num mundo de pose. ‘A literatura é um
apelo de fogo, onde mora meu desespero, a minha inquietação e o meu paraíso’,
escreveu alguém. Eu sei: tento escrever um hino de amor à palavra. Qual a maior
viagem (interior) que podemos fazer, senão aquela que é um mergulho no livro,
nesta criação de outros mundos, nessa peregrinação às áfricas interiores?
‘Se o mundo dos objetos
palpáveis e vida prática, não é mais real que o mundo das ficções dos sonhos e
dos labirintos, então pode ser que o autor de artifícios verbais tenha mais
direito à condição de demiurgo que qualquer outro candidato’, escreveu Samuel
Titan Jr., falando sobre Borges. Hoje a realidade chamada virtual fica sendo
mais importante que o humano propriamente dito. Uma personalidade não aparece porque
é boa, mas é boa porque aparece. Vivemos uma mudança de época e não uma época
de mudanças. Ou está inapelavelmente
decretado que não há nada mais a fazer, que o destino já rabiscou todos os
destinos? Queremos um modelo de consumidores ou de cidadãos? Se aceita
passivamente um mundo onde são as coisas que comandam e não os valores.
Queremos pessoas abúlicas,
inertes, numa globalização onde impera a uniformidade e não a igualdade? A
literatura é um sonho do eterno. Sua morte tem sido decretada diariamente. Mas
por que ela continua tão viva? ‘Pois há dentro do homem uma sede de infinito
que nenhum modelo meramente mercantil pode saciar’”.
Concordo em gênero e número,
pois não poderia ter me expressado melhor.
QUE DEUS ABENÇOE A TODOS!
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