24 de setembro de 2025

Evento em Pará de Minas aborda a saúde dos fibromiálgicos, com participação de escritora da ALPM

 


O Movimento Mulheres de Fibro de Pará de Minas, com a Associação Nacional de Fibromiálgicos, promove o evento especial "A saúde dos fibromiálgicos - A vida na centralidade do discurso". A programação conta com palestras que abordarão os desafios de amenizar as dores do corpo e da alma, com a participação de Victor Guilherme Lage Ferreira, mestrando em Economia Criativa e da psicóloga e psicanalista Jaqueline de Cássia Sousa Moreira.

Na segunda parte do evento, o foco será a legislação e as políticas públicas, com a palestra "Pará de Minas à frente da Legislação Federal", ministrada pela subprocuradora jurídica da Câmara Municipal, Sheila Bastos e por Mariana Viegas, enfermeira coordenadora da APS. O objetivo é destacar os avanços legislativos locais no cuidado com os fibromiálgicos. O evento conta com realização e apoio institucional da Procuradoria da Mulher e das secretarias municipais de Saúde e Assistência Social, reforçando o compromisso com a causa.

O encontro também terá um momento cultural com o lançamento do hino do movimento, composto por Conceição Cruz, escritora e compositora, membro da Academia de Letras de Pará de Minas (cadeira nº 4) e apresentações de voz e violão.

O evento será no próximo dia 25/09, às 15h, na Câmara Municipal de Pará de Minas. As inscrições gratuitas devem ser feitas no link: https://forms.gle/ZMFHEZYH9ZVkRj9b8.

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Assista ao evento e à apresentação do Hino no vídeo abaixo:

 

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Veja a sequência da música ilustrada:









19 de setembro de 2025

Livrai-nos do mal, amém!

Francisco Vilas Boas
Cadeira n.º 20
 

Tempos atrás, li numa pichação de muro do Rio de Janeiro que dizia: “você olha da direita
pra esquerda e o Estado te esmaga de cima pra baixo”. A lembrança veio diante de um
episódio curioso: em tempos de polarização, quando o nós contra eles parecia insuperável,
deputados federais de esquerda e de direita, que se atacam semanalmente no Congresso,
uniram forças para aprovar, com urgência, a PEC da Blindagem.


Urgência de quê? Urgência para quem?
 

A PEC da Blindagem não discute o aumento da faixa de isenção do imposto de
renda, a revisão da escala 6x1, nem novos investimentos em saúde ou educação. Nada disso.
A pressa foi para aprovar regras que dificultam que parlamentares federais respondam por
crimes, condicionando a atuação da Justiça à autorização da própria Casa Legislativa.
 

Como disse o Prof. Mario Spangenberg, decano da Faculdad de Derecho y Artes
Liberales do Uruguay, “se você tem um direito e os demais não, então você não tem um
direito, mas um privilégio”.
 

Parece que alguns dos nossos “representantes” trabalham intensamente, não para
o interesse dos seus representados – mas para os seus fins particulares. Foucault, no conjunto
de textos "Um diálogo sobre o poder e outras conversas", já advertia que o poder é exercido às
custas do povo e que quem o exerce sempre encontra brechas para violar as regras que ele
mesmo cria. A PEC da Blindagem é um exemplo dessa lógica.


Como professor, sigo acreditando na educação como instrumento de transformação.
E não tenho dúvidas de que, quando estimula o pensamento crítico, ela nos impulsiona a
buscar soluções para reduzir privilégios e ampliar direitos, pois, como na frase atribuída a
Paulo Freire, “o sistema não teme o pobre que passa fome, teme o pobre que sabe pensar”.
 

É justamente o pensamento crítico que deve orientar nossas escolhas. Quem se
indigna com as desigualdades sociais, com o racismo, com as múltiplas formas de
discriminação e com o excesso de privilégios dos privilegiados, nas próximas eleições,
precisará refletir sobre quem deve ocupar o papel de representante.


Acredito que é nosso dever fazer da sociedade um lugar mais justo para se viver e
conviver. E penso que a educação é o caminho. Recorrendo mais uma vez a Paulo Freire, dou
eco à máxima de que “A educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas.
E as pessoas transformam o mundo”.

9 de setembro de 2025

Romualdo em busca de sua liberdade

Geraldo Phonteboa
Cadeira n.º 14

Imagine um homem negro, com 62 anos, não 62 anos quaisquer... 62 anos de cativeiro. Mesmo após publicada a Lei do Sexagenário, no ano de 1885, esperava que seu senhor lhe concedesse sua liberdade. Mas isso não acontece. Fica sabendo que seu senhor renova sua matrícula e declara que ele tinha a idade de 45 anos. 

Sentindo-se injustiçado, recorre à justiça e faz denúncia, solicitando a sua liberdade de "injusto cativeiro". E apresenta, em sua defesa, sua certidão de nascimento, passada  pelo vigário de Pitangui. Como não bastasse, teve ainda que arrolar testemunhas para comprovar, em juízo, que aquela certidão se referia de fato a ele, buscando contrapor ao documento de matrícula feita por seu senhor. 

Então, o juiz municipal da Cidade do Pará aceita o pedido deste homem que vivia em situação de escravidão.  Para garantir o mínimo de proteção a este escravizado, nomeia um Curador para representá-lo judicialmente, e um depositário, com quem ele ficaria enquanto aguardasse sua liberdade. E o processo corre.

Os documentos são juntados aos autos. Seu senhor foi notificado e audiência foi marcada. Chega o dia da audiência e o senhor não comparece e ,alegando a impossibilidade, pede ao juiz outra data. E então o juiz concede. 

Em segunda audiência, novamente o senhor não comparece. E o juiz, após ouvir as testemunhas e à revelia dos senhores, faz o julgamento. Romualdo é declarado livre, mas não plenamente. Isso porque a lei exigia que o escravo liberto após 60 anos deveria prestar serviço ao seu senhor por mais 3 anos, a título de indenização. 

Esta agência deste homem escravizado, que durou meses (janeiro a abril de 1888). Mesmo após sua vitória, teria ele que voltar para junto do seu senhor e ainda lhe prestar o serviço previsto pela lei. Felizmente isso não ocorreu, pois em seguida veio a Lei Áurea, que declarou extinta a escravidão no Brasil. 

Histórias como esta estão à sua disposição no acervo do Museu Histórico de Pará de Minas. Conheça!


6 de setembro de 2025

Ideal de equilíbrio e uma quase perfeição

Márcio Simeone
Cadeira n.º 8
 

Meu setembro, o sétimo deslocado, é sulino e sutil. No ritmo lento dos retornos, é o ponto de equilíbrio entre o claro e o escuro. Atravesso por ele o limiar breve do encontro perfeito do dia com a noite, na trégua da infinita batalha travada entre as trevas e a luz. Os meios-tons da aurora são derramados sobre toda a natureza, até então desbotada, e ouve-se a intensa respiração da terra. Mas é no crepúsculo que o mundo suspira com os bons augúrios do encontro, no anúncio da noite perfeita, fresca e tranquila. É quando recebo com alegria os primeiros cheiros de terra molhada. Este equinócio é tão somente um instante a lembrar a fugacidade dos momentos de bonança, pois o calor e a luz intensa logo vão reclamar sua vitória, impondo-se sobre os viventes e chegará em breve o tempo das chuvas e das cheias. Vivo os setembros pará-minenses, das festas cívicas, com a sonoridade das fanfarras e dos sinos que dobram e celebram a Piedade. Tempo das nuvens deslizantes que parecem afagar o verde da Serra das Piteiras e dos ipês amarelos que, por breves momentos, se compõem em tons patrióticos. Mas trago também para mim o arcanjo Miguel, príncipe das milícias celestes, em desafio à arrogância do mal. Neste meu setembro ideal, a natureza não grita, mas tece, exuberante, um manifesto de paz. Assim como o arcanjo, ela se ergue, resistente, determinada e heroica.

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Imagem: gerada por ferramenta de IA