Geraldo Phonteboa
Cadeira n.º 14
Um
texto é sempre um texto. Uma disposição de palavras carregadas de sentido uma
ao lado da outra que vai expressando o pensamento do escritor. Sua
intencionalidade, às vezes de forma intensa ou não. A forma como você dispõe
estas palavras, como as "alinhavam" vai configurando como este texto
será classificado e analisado pelos leitores. Este formato define o estilo
literário do texto e, então, torna-se classificado como crônica, como conto,
como narrativa, artigo de opinião e, até mesmo, um poema.
Em
última análise tudo é texto, só e tão somente só. Mas convenhamos, há textos
que o escritor consegue dispor as palavras de tal jeito que os "sons"
que eles emitem parecem ter vida própria. A disposição dos sons das palavras,
alinhada com outros sons de outras palavras vão compondo a melodia do texto.
Estes "sons", às vezes, em sua maior parte, são tão maravilhosos que
muda o sentido das próprias palavras utilizadas em sua composição, e então,
chegamos a esquecer que estamos lendo um texto.
A
poesia, de modo mais específico - por suas características próprias que é o de
revelar e ocultar, dizer e não dizer, indicar e indiciar, promover e revolver à
curva da obscuridade - é geralmente o texto que mais deixa de ser texto. Porém
não é a sua disposição em versos e estrofes, em ritmo e rima que faz o poema
ser poesia. Explico.
Uma
poesia ultrapassa a forma de poema. A poesia é poesia pela forma como o autor
encadeou os sons de modo a dar às palavras novos significados, de forma a dizer
coisas de maneira única ou até então não pensada. O poeta, consegue, na forma,
no ritmo e na rima - mesmos as mais dissonantes possíveis - atingir o
impossível, sair do lugar comum e propor algo completamente inusitado. E para
fazer isto o poeta se especializa em utilizar a metáfora.
Eis
aí o segredo: a metáfora. O que faz o poema ser poesia é o domínio da metáfora
por parte do poeta - ou seria o contrário: o domínio do poeta pela metáfora...
Poesia não é para qualquer um! Poesia são para os de alma livre que se deixa
embeber pelas metáforas, ora simples, ora complexas e mágicas. Sim as metáforas
dão alma aos poemas e os transformam em poesia. As metáforas podem ir além e
ultrapassar a forma do poema e transformar uma narrativa, um conto, uma crônica
em poesia.
Comece
a observar como os poetas utilizam-se das metáforas e verás quanta poesia está
presente nos textos que escrevemos. Mas não se assuste! Você encontrará
inúmeros textos dispostos em formato de poemas que não são poesias... são
apenas textos.
A
poesia é o inusitado do poema. Se preferir utilizemos conceito de poesia do
grande poeta Manoel de Barros: "Poesia é voar
fora da asa".
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