quinta-feira, 20 de maio de 2021

O dia das mães na floresta

 José Roberto Pereira
Cadeira n.º 12



    Todos os bichinhos, lá na floresta, se preparavam para o Dia das Mães. Corriam de um lado para o outro, tentando encontrar o presente mais especial para presentear a mãezinha. Só a cigarrinha Tutinha parecia não estar preocupada em encontrar um presente. Ela cantava o dia inteiro. De repente, chegaram três joaninhas e perguntaram:

     _ Tutinha, você não vai procurar um presente para sua mãezinha?

     _ Não. Eu canto todos os dias para ela. Canto que é uma beleza!!! Afinadinha!

     _ Nós já encontramos um presente. Olha, é o perfume de uma rosa.

     Tutinha olhou o embrulho e não respondeu nada. Continuou a cantar. Foi quando chegaram correndo dois cachorrinhos pintados. Estavam felizes por terem encontrado duas gotinhas de orvalho para presentear sua mãezinha. Tutinha olhou as gotinhas e continuou sua cantoria.

     Pouco tempo depois, vieram duas gatinhas. Estavam contentes, pois haviam encontrado o cheiro de uma torta de peixes e colocado-o dentro de uma caixa,  amarrada com um laço muito bonito. Tutinha tentou sentir o cheiro e não conseguiu. Voltou a cantar. Era o que mais gostava de fazer.

     Não demorou muito, foi interrompida por quatro leõezinhos. Eles tinham encontrado um presente quentinho para dar para sua mãezinha: o calor de um abraço. Eles mostraram o embrulho e saíram rugindo.

     Nem o forte calor do sol fez com que Tutinha parasse de cantar. E, quando a tardinha caiu lá no horizonte, todos os bichinhos chegaram de um só vez perto dela. Pareciam apavorados. Falavam todos juntos. Uma confusão de sons e palavras, não se entendia nada. As joaninhas foram as primeiras a falar, depois do falatório de todos. Disseram que o perfume que haviam encontrado tinha exalado.

     _ Não sobrou nem um pouquinho de cheiro.

     Os cachorrinhos pintados mostraram que as gotinhas de orvalho tinham secado.

     _ Au, au, auuuuu! As duas evaporaram.

     As gatinhas mostraram sua caixa vazia.

     _ Miau, miauuuuu! O cheiro da torta de peixes sumiu.

     Os leõezinhos também mostraram sua caixa sem nada dentro.

    - Uauuu! O calor do abraço esfriou.

     Todos começaram a falar ao mesmo tempo, tentando encontrar uma solução para o presente do Dia das Mães. Ninguém conseguia entender uma só palavra. Foi quando Tutinha teve uma ideia para ajudar seus amigos.

     _ Silêncio! – gritou.

      Todos se calaram.

     _ Vamos juntar todas as mãezinhas em um lugar bem bonito e fazer uma serenata para elas?

     Os bichinhos acharam a ideia excelente. Mas ninguém sabia cantar. Tutinha começou a ensinar tudo sobre as notas musicais: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si. Em pouco tempo, estavam cantando, afinadinhos, porque tiveram muita atenção e respeito à professorinha Tutinha.

     O presente para o Dia das Mães estava salvo.

     Não era nada material. Era amor em forma de música. Uma música muito bonita de uma tribo indígena brasileira que falava do vento que tudo leva e traz.

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(Meu primeiro texto infantil, escrito em 2001, para o Colégio Educare de Itaúna)

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