Renata Teixeira
Cadeira n.º 3
Toda vez que o moço de terno branco chegava à fazenda, ela corria o mais que podia, pegava as roupas que encontrava - algumas até limpas -, jogava-as no cesto e levava-as ao rio. Era fazendeiro de posses e sempre levava um agrado ao seu pai, mas ela tinha horror a ele e ao que tudo aquilo representava.
O pai, que pensava saber o que era melhor para a filha, sem
graça diante da ausência da menina, lançava mão dos queijos recém-preparados,
servia-os e presenteava o visitante com os melhores deles, para que não se
sentisse ofendido, ignorasse a desfeita.
Ela, tão logo chegava ao rio, jogava o cesto de roupas num
canto e tratava de dar um mergulho. Depois, deixava o corpo boiar, mirando as
aves e escutando os sons do mato - cada vez mais leve o corpo; cada vez mais
livre o pensamento...
Lavava, depois, as roupas. Somente após escutar o ronco do
motor e avistar o carro do homem desaparecer no horizonte, entrava novamente em
casa...
Roupas torcidas, vestido molhado, alma lavada:
"Não, não seria com ele!..."
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