Conceição CruzCadeira n.º 4
- Vamos filhotes!
Já é hora de dormirmos!
-Avô Bernardino, conte mais uma vez para gente a estória da noite misteriosa! Fala Ray, alçando vôo para o último degrau do poleiro, perto do avô.
- Por que temos que dormir tão cedo, junto com as galinhas, vovó? Sim? Noite misteriosa? Cacareja Mou.
- Noite misteriosa?
Diz a garnizé Ró enquanto cruza as suas asinhas.
- Noite misteriosa? Pensa a outra, Sony, piscando os olhinhos…
- Ah, sim! Noite misteriosa! Cacarejando forte a vovó Concê.
- A Bisa nos contou que nossos antepassados viviam soltos, campos e fazenda afora!
E que aquela noite mudou a nossa estória!
- Como assim? Perguntou Zek.
- Antes, fala Jujuk, nas festividades, éramos o prato principal!
- Fale mais baixo!
- Calma, Vinik!
O vovó já vai contar para vocês e explicar o motivo de dormirmos tão cedo!
Por questão de lógica, quem dorme cedo, acorda mais cedo!
E todos começaram a rir!
- Muito bem!
Antes, tudo era silêncio!
As aves foram criadas e não falavam até que…
- Como assim, vovô?
- Sabe, Aparek: apenas os homens falavam!
- Que estranho, não é vovó?
A vovó, estendendo as asas: penso como vocês, meus netinhos!
Como assim?
Não dá nem para imaginar as manhãs sem a cantiga dos galos!
E sorri!
- Mas, um dia, tudo mudou, prosseguiu o vovô Bernardino.
Era uma noite de verão.
Quando o sol se foi, o nosso tatatatataravô, chamado Idelfonso preparou-se, sossegadamente, para dormir.
Agrupou todas as galinhas e filhotes perto de si.
Como era costume, ele dormia cedo e acordava em plena noite para fazer a sua contagem de todas as estrelas do céu.
- Ele conseguiu?
- Sabe querida Veronik: no meio da contagem, como sempre, exausto, ele dormiu. Há uma infinidade delas...
Mas, ele viveu uma noite como nenhuma outra!
De repente, ele acordou com o brilho enorme de uma estrela bem pertinho da terra!
- E aí, vovô?
- A estrela sorria e apontava para um local.
E tudo era silêncio...
E o nosso tatatatataravô queria saber o que estava acontecendo…
Ele subiu a montanha e viu o menino Deus na manjedoura, perto de seus pais e de outros animais.
Ele olhou para o alto e ouviu o coro dos anjos.
Ao longe, viu os Reis Magos, chegando um a um, com presente para o Rei Menino.
Tudo era luz, muita luz!
A noite parecia dia!
(Naquele momento, todos os garnizés acocoraram-se mais pertinho do vovõ Bernardino, pois ele estava muito emocionado).
Um dos anjos ordenou a Idelfonso:
- Vá, guardião do céu!
Todas as madrugadas, virei despertá-lo.
Você será o arauto da Boa Nova sobre toda a face da Terra: levará esperança e alegria!
- O que é arauto?
Cochichou Celik ao ouvido de Gegê.
- Anunciador da Boa Nova!
O vovô acenou com a cabeça e disse:
- Imediatamente, ele começou a cantar!
Os galos da redondeza, ouviram maravilhados e começaram a pensar:
- Idelfonso? O que você disse?
- Cocoricó! Jesus nasceu!
O outro galo ouviu, Zelixandre, inundou-se de esperança e de alegria e também cantou!
Os galos distantes acordaram com tamanha claridade, pensando que já era dia!
- Uai, vovô! Mas não era noite?
- Sim, queridos netinhos!
Um galo cantava feliz!
A mensagem chegava ao outro, que também ficava radiante de felicidades e de esperanças…
Para esclarecer que ainda era noite, quem ouvia a notícia e que também ficava feliz, cantava assim:
- Cocoricó!
Noite. Feliz.
Jesus nasceu!
Observem bem!
Hoje em dia, para reviver aquele momento, todo galo desperto pela luz, toda manhã, tem seu ritual: ele sempre fecha os olhos ao cantar!
Primeiro, ele sente e vê a Luz!
Inunda-se de alegria!
De esperança!
Ouve o canto do outro!
Nasce, de novo, no seu coração, a vontade de levar a Boa Nova a todos…
E aí, ele replica o canto ouvido e que também está dentro de si, de cor:
- Noite feliz! Jesus nasceu!
- Sabem por que, filhotinhos? Pergunta a vovó.
- Talvez seja para que o homem permita que a Boa Vontade frutifique nos seus corações e em suas ações!
Replica o vovô!
- Agora, vamos dormir?
Daqui a pouco, estará na hora de irradiarmos a alegria e a esperança de um novo dia!
- Ou melhor, vovô ...
Era...
Noite Feliz!
Cocoricó!
Jesus nasceu!
E assim, cantaram todos juntos, em bom "galonês", uma bela e suave sinfonia!
Conceição, como sempre me encantando com sua doçura para escrever!!!!!
ResponderExcluirNossa, fiquei encantada 🥰🙏🏼😢
ResponderExcluirÉ a magia de Natal! Jesus Nasceu! Aleluia!
ResponderExcluirElimara
Curtimos está linda história de Natal com nossos filhos, momento único, gratidão pela mensagem tão singela,o menino Jesus sempre nos traz muita esperança 🙏
ResponderExcluirQue bom ler este texto!
ResponderExcluirQue a magia do natal nos traga esperança de um novo ano melhor.
ResponderExcluirParabéns Conçeição... Genial o texto... nos faz lenbrar a infância... lá em São José da Varginha(terra querida).
ResponderExcluirPoxa Conceição !...
ResponderExcluirValeu a pena reviver esse tempo ...era isso mesmo!
A gente....principalmente nossa família sentia que éramos o próprio Presépio!
Quantas recordações!...
Muito obrigada minha querida irmã!
Parabéns, Conceição! Quem nunca ouviu este cocoricó perdeu a beleza de um amanhecer. Grande abraço
ResponderExcluirBrilhou cunhada mais uma vez, lindo poema de Natal!
ResponderExcluirQuando ouvir o galo cantar, vou me lembrar desta estória!
ResponderExcluirCada estória, um belíssimo poema! Parabéns, Ceicao Cruz.
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