Carmélia Cândida
Cadeira n.º 2
Minha
mãe me levava para pescar
“Tem que
ficar caladinha
Para não
espantar os peixes”
Olhando
para o mato
Na beira
do rio
Eu
morria de medo
De aparecer
uma cobra
Mas ela
estava comigo
E eu me
sentia segura
Minha
mãe me ensinava versos e canções
Me
levava para ver o Carnaval
Os
desfiles de 7 de setembro
Cuidando
da lida diária
Cantava
e cantava
Quando
terminava de me vestir e pentear
Pegava-me
no colo e levava-me ao espelho
“Olha
como ficou bonita!”
Depois
terminava tudo com um beijo
Meu pai
me contava histórias
Tantas
que foi preciso
Um
espaço bem grande no coração
Só para
guardá-las
Ele
chegava cansado do trabalho
Mas
vinha sempre com um sorriso
E
disposição para nos aconchegar
Aos
domingos, era “lei” nos levar à missa das crianças
E, na
volta para casa, se dinheiro tinha
Me dava
a felicidade em forma de sorvete
Minhas
duas irmãs mais velhas
Ajudavam
nos cuidados comigo
Porque
eram tantos filhos
Que
minha mãe não dava conta de tudo
Me
levavam para passear
E quando
recebiam pagamento
Me
levavam à “rua Direita”
E sempre
me faziam um agrado
Acabaram
sendo como “segundas mães”
Meu
irmão mais novo
Era meu melhor
companheiro
Está
certo que a gente brigava
Coisa
comum de irmãos pequenos
Mas
sempre defendíamos
Um ao
outro
E o amor
era maior
E até
hoje tenho o sentimento
De que
ele é o irmãozinho
A quem
devo proteger
Quantas
lembranças! Quantas saudades!
Tudo vai
ficando para trás
Mas
nunca, nunca distante
Porque
tudo vive intensamente
Como uma
chama brilhante
Que
nunca se apaga
Dentro
de mim.
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