terça-feira, 18 de agosto de 2020

Vivendo, sentindo e aprendendo

 

Carmélia Cândida
Cadeira n.º 2


A gente precisa dizer pra nós mesmos que está ou que vai ficar tudo bem. A gente consegue  ser forte, erguer a cabeça e se manter firme.  Às vezes, até dizemos que não estamos nem aí pra isso ou aquilo, já que não há como mudarmos a situação. Mas estamos.


Quem nos vê,  muitas vezes,  fica admirado com o quanto somos bem resolvidos,  com o quanto estamos bem. Mas ninguém sabe o que de verdade vai dentro de cada um.   Tudo é imagem neste mundo vão.


A gente faz tudo isso.  Mas no fundo, bem no fundo,  as tristezas e frustrações  ficam em repouso lá dentro de nós.  Seguimos bem,  sorrindo sempre que possível.  Procuramos nos divertir,  aproveitamos o momento e temos muitos momentos alegres. Podemos nos sentir felizes.


Mas as tristezas,  as frustrações, uma dor que nos acompanham, vez ou outra, nos lembram que estão lá.  Elas jamais se deixam ser esquecidas completamente.  Será que para  nos lembrar de aproveitar ao máximo o que nos faz bem e nos deixa felizes, enquanto é tempo?



Na juventude, as tristezas, dores e frustrações costumam ser menores.  Tendo vivido pouco, teremos experimentado – e, consequentemente sofrido – menos. A vida vai passando, a gente vai acumulando decepções que vão deixando cicatrizes. Mas o pior são as perdas, principalmente quando começamos a perder pessoas amadas... aí a vida vai perdendo sua beleza...


Uma pessoa querida me disse, recentemente,   que tudo isso tem a ver com amadurecimento. Ela tem razão.  Amadurecimento envolve aprendizagem. Para uns, é inevitável; enquanto, para outros, é dispensável.  Há quem chega aos 60, 70 anos sem ter amadurecido ou evoluído nada.   Para todos, é necessário.  E pode ser doloroso.

Assim é a vida. A gente aprende mesmo é vivendo, é sentindo e, muitas vezes,  sofrendo, infelizmente. Não é bonito romantizar o sofrimento, não estou dizendo que a gente precisa sofrer para aprender. Não.  Podia ser diferente. Mas acontece. Nem devíamos sofrer tanto. Mas sofremos.


Seguimos e ainda oferecemos o nosso melhor para os outros. Estamos bem. Se não estamos, não há problema,  pois ninguém tem obrigação de estar feliz o tempo inteiro. Estar triste também faz parte, é um direito, embora pouco ou nada reconhecido neste tempo em que estar feliz o tempo todo parece ser um dever. Na contramão, não  ser tão seguro e confiante como parece é mais comum do que se pensa. 

 

Eu não me importo de não ser alegre o tempo inteiro. Não mesmo. Nem quero. Seria muito falso. 

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