Terezinha Pereira
A tela. Branca. Pura. Imaculada.
Instilar letra por letra na tela.
Macular........
Dizer de quê por cima do branco?
Branco de paz, pureza, perfeição,
limpeza,
simplicidade, inocência, singeleza.
Vem o cinza quase negro. Cor da
escrita.
Do lápis. Da fonte de letras.
Cinza é meio termo. Nem branco
nem preto.
Mancha o branco da tela.
De branco. De preto.
O cinza revela. Desvela. Delata.
Denuncia.
Declara. Divulga. Faz conhecer.
Registra. Faz história.
Narra histórias. Conta.
Romanceia. Finge. Simula.
O preto. Ausência de luz.
Gato quando preto. Azar.
Obscuridade.
Junção de todas as cores.
Ausência de luz. De cores.
Luz. Não luz. Não cor. Luto.
Em agosto.
O verde das matas,
o verde dos matos fazem-se cinza.
Poeira pura. Puro pó. Fuligem.
O ar não tem cor.
O ar. Leva cor?
Poeira. Fumaça.
Estrume de indústria. Estrume de
queimada.
Cinzeiros. Grafite. Cor de pedra
de lápis. Cinzento.
Cinzado. Acinzentado. Acinzado.
O sol vem de amarelo. Laranja.
Vermelho.
Energia. Força. Potência. Luz
amarela. Douro.
Ouro fogo. Ouro cobiça. Ouro do
triunfo. Brilho.
Amarelo ovo. Girassol. Ipê de
agosto,
de meu gosto. Dá gosto, em
agosto.
Cores. Cores puras. Vermelho
amarelo azul.
Amarelo com azul fica verde.
Vermelho com amarelo, laranja.
Azul com vermelho violeta.
Azul. Fria cor. Do mar e do céu.
Marazul.
Céu tintado de vermelho em
agosto.
E. Na tela que esteve branca,
eu disse de cores.
De dores.
De amores.
* ou: Vestígios na tela branca, versão 2
Que beleza, Terezinha! Cores e sensações... Muito bom! Ontem mesmo a palavra "Douro" me veio também em um poema, sem eu ter lido o seu. Interessante.
ResponderExcluirObrigada, Flávio.
ExcluirAbraço,
TT