Regina Marinho
Cadeira n.º 6
Vi quando a água escorreu por sua face, um jorro que desbordou dos olhos.
Neles estava toda a tristeza do mundo.
Ela suspirou e me disse: "pra essa gente, nós num serve pra nada! É trapo véio de pano de chão."
Dona Zefa, 87 anos, negra, pobre e lúcida, sabia que não haveria lugar pra gente como ela no socorro às vítimas da terrível pandemia.
Naquela hora, como respeitar isolamento físico, se jamais houvera isolamento algum entre nós duas?
Olhando fixamente em seus olhos, toquei suas mãos anciãs, com o desejo imenso de tocar também seu coração e mostrar a ele o indizível valor de sua vida para mim.
Muito forte! Tristeza e esperança! Sombra e luz! Muito humano!
ResponderExcluirFez-me lembrar da parábola de Lázaro e do homem rico: "entre nós e vós existe um grande abismo". Dona Zefa será consolada, e já é no toque da mão amiga.
Olá, João! Os paradoxos da vida é que revelam nossa humanidade e nos põem em movimento. Obrigada por comentar.
ResponderExcluirParabéns, Regina!
ResponderExcluirSe olharmos à nossa volta,
são tantas e tantas Donas Zefas...
Um dia, quem sabe o homem descobrirá que a Felicidade é um bem coletivo?
Verdade! São muitas donas Zefas e também Zefos rsrs. Sonho com este dia em que a humanidade descubra a felicidade como um bem coletivo. Obrigada por comentar!
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